domingo 24 de novembro de 2024

Antigo ‘lixão’ de Maceió: outra bomba prestes a explodir?

Histórico de erros na gestão ambiental e estrutural da área levanta questionamentos

17 de julho de 2023 11:40 por Da Redação

Região já registrou acidentes | Reprodução

Encravado entre os bairros de Jacarecica, Cruz das Almas e Sítio São Jorge, encontra-se hoje o antigo lixão de Maceió (desativado em 2010), coberto por vegetação rasteira em plena Avenida Josefa de Mello, em frente ao Shopping Parque. Este gigantesco e histórico passivo ambiental com área total de influência equivalente a metade do bairro da Pajuçara, convive hoje com o Shopping Parque, lojas, atacados e a expansão do mercado imobiliário da avenida Josefa de Mello.

Essa imensa montanha de mais de 30 metros de altura de lixo (chamada de vazadouro da Cruz das Almas) recebeu lixo de Maceió de 1930 e mais intensamente de 1960 até 2010 acumula adormecido mais de 3 milhões de metros cúbicos de resíduos. Esse passivo foi gerenciado desde 1967 até 2003 pela Cobel (Companhia Beneficiadora de Lixo) que ficava no acesso ao antigo Lixão na AL 101, próximo a Emater/AL. Anos depois foi gerenciado pela empresa V2 Ambiental e recentemente pela Horizon.

A desativação em 2010 pela Prefeitura de Maceió cercou a área, preparou os taludes estabilizando riscos de desmoronamentos, fez o replantio com grama, vegetação rasteira, sistema de drenagem de chorume, lagoa de tratamento e instalações de 37 drenos de gás, dentre outras melhorias e ações ambientais previstas em lei.

Reprodução

Segundo o plano de desativação de 2010, o antigo lixão necessita ser monitorado por 30 anos até que a matéria orgânica depositada não venha gerar mais chorume, emissões de gases combustíveis e riscos de poluição ambiental, principalmente por vazamento de chorume (resíduo líquido altamente poluente formado a partir da decomposição do lixo), já que o risco de emissões de gases poluentes nos mais de 30 drenos existentes é pequena. O maior risco ainda é o vazamento deste líquido.

Na gestão de Rui Palmeira o lixão recebeu melhorias e plantio de mudas da mata atlântica, bem como a construção de um mirante para visitação pública. A ideia era devolver essa imensa área à cidade com a implantação de um grande parque público para visitações turísticas. No entanto, desde 2004 que problemas por descumprimento das ações de recuperação estão surgindo em escala cada vez mais preocupante.

Reprodução

Os problemas surgem inicialmente com um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Federal em 2004 na desativação do lixão. Depois, em 2015, com o desabamento de taludes na porção sul do lixão jogando grande quantidade de lixo e chorume nos terrenos em frente ao Shopping Parque, voltado para a Avenida Josefa de Melo. Na época, o IMA suspeitou que o desabamento foi causado por instabilidade do solo e problemas no sistema de drenagem do lixão, bem como, em virtude de acúmulo de bolsões de gases e vazamento de chorume. Já em 2019, surgem novas denúncias, obrigando o IMA a fazer análises na área.

Essas análises encontraram chorume sendo drenado, principalmente, por redes de águas pluviais para o Riacho de Águas Férreas que tem sua foz na praia de Cruz das Almas, caracterizando um crime ambiental grave, porém, pouco divulgado.

Riacho nas redondezas pode estar sendo alvo de contaminação | Arquivo IMA

Outros problemas surgiram, como a falta de manutenção e das ações ambientais pela concessionária V2 Ambiental, que depois foi assumido pela nova concessionária Horizon. Mais uma vez, em 2021, houve suspeita de vazamento de chorume citado no inquérito civil nº 1.11.000.000287/2021-71 aberto pelo Ministério Público Federal, sendo também objeto pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) de coletas e análises da qualidade da água nos riachos locais e na orla da Cruz das Almas, bem como de visitas técnicas e reuniões técnicas, entre Prefeitura de Maceió, ambientalistas, IMA, MPF e MP/AL.

Como se observa desde 2004, o antigo vazadouro de Cruz das Almas possui problemas ambientais. Paralelamente, o mercado imobiliário se expande no entorno do antigo lixão, não se sabendo qual impacto real o antigo vazadouro pode ter nestes empreendimentos, como por exemplo a criação de bolsões de gás sob lajes, poluição do solo e da água por chorume. Dado o histórico de problemas não seria exagero dizer que convivemos com um problema ambiental silencioso gravíssimo com imenso potencial de degradação ambiental. Com a palavra o IMA, Alurb (Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana), o MPF e o MP/AL.

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1 Comentário

  • Assunto seríssimo, exige atenção imediata. Já imaginou se esta área explode?’

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