Movimentos e moradores salvaram, ao menos temporariamente, o manguezal na região de Garça Torta, em Maceió. O ecossistema se viu ameaçado após a construção de um condomínio de luxo no local. Depois de muita mobilização e denúncias, o síndico do Morada da Garça, construído em Área de Proteção Permanente (APP), desistiu da “solução” para tentar contornar a inundação do condomínio.
A natureza, degradada, reagiu à invasão. “Por consequência da retirada da vegetação nativa, anos passaram e o mangue seguindo o seu fluxo natural está adentrando água no condomínio. No intuito de conter este processo foram contratados tratores para a realização da ‘obra’, que consiste em levar sedimento (areia) para o encontro do mangue com o mar, na tentativa inútil de conter o fluxo da água e assim matar o mangue”, explica a estudante de Geografia da Ufal, Ismaia Gabriela.
Veja o vídeo:
Os defensores do manguezal enumeram as consequências caso a ação desastrosa tivesse continuidade:
- Morte de espécies e desequilíbrio de todo um ecossistema.
- Devido ao fluxo da maré essa sedimentação depositada seria arrastada mediante o recuo da maré e, posteriormente, com a maré alta este sedimento seria depositado sobre todos os corais, soterrando-os (mudaria a paisagem local, perdendo as piscinas naturais, e principalmente os peixes migrariam para essa região com menos frequência, o que prejudicaroa quem vive de pesca, e do turismo local).
- Outro fator importante sobre esta sedimentação é que seria depositada em toda a praia, interferindo nos bares Dona Marival, Bar da Garça, Bar do Carlinhos, entre outros, que receberiam maior quantidade de areia.
- E atingiria todas as casas, que, por consequência do recuo da maré, o processo erosivo que está acontecendo (evidenciado nas quedas dos muros, coqueiros ao longo da praia). Essa ação seria intensificada e acelerada. Ou seja, mediante o aumento do nível do mar esse processo já ocorre, mas, com esta ação de aterramento aconteceria com mais rapidez e frequência.
- Ou seja, interferiria na vida de todos os moradores, diretamente os pescadores e o comércio que vivem das atividades em torno da pesca.
Autoridades silenciam
Os envolvidos afirmam que foram enviadas mensagens e feitas diversas tentativas via telefone junto a diversos órgãos, mas, sem resposta até o momento. Integram o movimento o Grupo Capoeira, Guerreiro dos Oceanos, Mangue Vive e Coletivo Beija Flor. A vitória atribuem às pessoas que se mobilizaram e fizeram pressão ao condomínio de luxo em defesa do mangue.