2 de agosto de 2023 11:29 por Thania Valença
Na operação executada na manhã de hoje, na casa da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), além de armas, munições, aparelhos eletrônicos, passaporte, dinheiro e objetos de valor, que superem o montante de R$ 10 mil, a Polícia Federal apreendeu documentos que podem contribuir com as investigações sobre a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
A operação da PF foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes”, diz material da Polícia Federal.
A deputada nega as acusações de envolvimento com o plano que inseriu alvarás de soltura em sistema do CNJ e mandado de prisão falso contra o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A PF já prendeu o hacker Walter Delgatti Neto, investigado como suspeito de introduzir os mandados falsos de prisão e soltura no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), utilizando credenciais obtidas de forma ilícita. O acesso ilegal foi descoberto, e medidas foram adotadas para prevenir futuras invasões.
Em depoimento à PF, antes de sua prisão, o hacker Walter Delgatti Neto reelou que:
* encontrou com Zambelli em setembro de 2022, às vésperas da eleição, em um posto de gasolina e que ela pediu que ele invadisse a urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça brasileira. Segundo ele, a intenção dela era mostrar a fragilidade dos sistemas;
* Que ele chegou a tentar invadir a urna, mas que o código fonte não estava conectado a um computador em rede e, por isso, não conseguiu;
* Que ele retornou à Zambelli que não tinha tido sucesso e que ela pediu que ele invadisse o celular e e-mail do ministro Alexandre de Moraes para tentar conversas comprometedoras. Ele disse que já tinha acessado o e-mail de Moraes em 2019 e não havia encontrado nada;
Segundo a PF os fatos investigados envolvendo a deputada bolsonarista e o hacker, podem configurar crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A defesa da deputada Zambelli e de Walter Delgatti Neto negam as acusações e se dizem dispostos a cooperar com as autoridades.