12 de agosto de 2023 11:41 por Vanderlei Tenório
A política de fixação de preços adotada pela Petrobras tem gerado um crescente descompasso entre os valores dos combustíveis no mercado interno e as flutuações das cotações internacionais. Essa situação vem desencadeando problemas também no abastecimento doméstico, com postos de combustível enfrentando dificuldades na aquisição de óleo diesel. Revendedores relatam que as empresas distribuidoras estão reduzindo e limitando os pedidos de compra devido à diminuição da disponibilidade desse produto no mercado nacional.
Estimativas do setor apontam para uma discrepância de cerca de 26% nos preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional, o que torna inviável a importação do produto para as distribuidoras independentes. Esse desequilíbrio já começa a se manifestar no fornecimento dos combustíveis, com alguns pontos do país começando a impor restrições nas vendas, embora ainda não haja escassez generalizada.
Apesar de a situação atual não se assemelhar ao cenário do mesmo período do ano anterior, já há relatos pontuais de falta de combustível por parte dos caminhoneiros. Uma pesquisa conduzida pela consultoria Posto Seguro revelou que revendedores estão enfrentando dificuldades para adquirir diesel S500 em seis estados: Rondônia, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.
A situação é ainda mais crítica para o diesel S10, com relatos de interrupções no fornecimento em 11 unidades federativas: Rondônia, Pará, Tocantins, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) confirma a ocorrência de restrições em algumas regiões, mas ressalta que se trata de casos isolados e não há um quadro de escassez no país no momento.
Nos últimos 30 dias, os preços internacionais do diesel têm subido consideravelmente, o que torna menos atrativa a importação desse produto em comparação com o diesel nacional produzido pela Petrobras. A empresa estatal está praticando preços mais baixos devido a uma nova estratégia comercial. Isso tem levado importadores e distribuidores, incluindo os de menor porte, a buscar suprimentos junto à Petrobras e às principais distribuidoras do país, como Vibra, Raízen e Ipiranga, cujas capacidades de fornecimento já estão comprometidas por contratos pré-estabelecidos.
Em relação aos preços internacionais, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) afirma que os valores praticados no Brasil estão cerca de 23% mais baixos para o óleo diesel e 18% para a gasolina. Se analisarmos somente as refinarias da Petrobras, essa diferença aumenta para 28% e 24%, respectivamente, o que poderia resultar em um aumento de R$ 1,14 por litro no diesel e R$ 0,77 na gasolina.
A Petrobras, em comunicado, assegura que está honrando integralmente seus compromissos contratuais com as distribuidoras. A empresa também ressalta que o mercado brasileiro é atendido por diversos agentes além da própria Petrobras, como distribuidoras, importadores, refinarias e formuladores, que têm a capacidade plena de atender a demanda por derivados de petróleo.