sexta-feira 10 de janeiro de 2025

Descontaminação política e ideológica das Forças Armadas é projeto permanente

A influência exercida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas Forças Armadas continua sendo motivo de preocupação

26 de agosto de 2023 7:04 por Geraldo de Majella

Foto: Ricardo Stuckert

As lições a serem tiradas do golpe parlamentar-midiático que afastou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, abriu o caminho para a desconstrução nacional sob o comando de Michel Temer e Jair Bolsonaro. O Brasil vivenciou as trevas em todos os aspectos.

As instituições do Estado brasileiro foram, em todos os níveis contaminadas, em alguns casos e, em outros, capturadas pela ideologia fascista. As Forças Armadas não escaparam do tsunami da extrema-direita. As sessões da CMPI têm revelado o quanto oficiais superiores foram corrompidos e o quanto atentaram contra a ordem constitucional. Isso, a cada dia, tem sido revelado ao país.

As polícias militares, em todos os estados, serviram como tropas bolsonaristas. O discurso golpista no meio das PMs causou a  contaminação política mais evidente que se pôde perceber.

A influência exercida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas Forças Armadas continua sendo motivo de preocupação. Mais, ainda, entre as polícias militares onde a influência, além de perigosa, produz efeitos deletérios com a politização e os incentivos que incidem em ações violentas e letais. As polícias militares são comandadas pelos governadores, mas, também, são forças auxiliares do Exército, como determina a Constituição da República.

Os militares, na história brasileira, têm sido um fantasma que ronda ameaçando a democracia. O reposicionamento da Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) dão a dimensão do que o governo Lula entende ser as funções das instituições do Estado.

A questão militar é séria e o presidente Lula a tem como assunto permanente em sua agenda de trabalho. A imprensa nacional apurou que o presidente já reuniu mais de vinte vezes com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, sinal claro da preocupação do presidente da República com o tema.

A descontaminação política e ideológica das Forças Armadas não pode ser um ato de vontade, mas, uma política permanente do governo. A barreira de contenção a ser construída deve ser erguida com base na obediência à Constituição, respeito à ordem democrática e disciplina.

As lições a serem tiradas desses episódios fatídicos devem se refletir na mobilização da sociedade na defesa permanente da democracia com transparência e controle social como instrumentos modernos do exercício da cidadania.

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