sexta-feira 10 de janeiro de 2025

Grito pela prisão de Bolsonaro

Não aceitamos que Bolsonaro seja apenas inelegível; defendemos que ele deve pagar por seus crimes na prisão
No Grito dos Excluídos de 7 de setembro de 2022, Bolsonaro inflamou sua base para enfrentar pessoas que estavam nas ruas defendendo os direitos da população brasileira | Sergio Lima/AFP
Por Raimundo Bonfim, para o Brasil de Fato
No próximo dia 7 de Setembro, pastorais ligadas à Igreja Católica, movimentos sociais e populares irão realizar em todo Brasil o tradicional Grito dos Excluídos, organizado desde 1995 para reivindicar a “vida em primeiro lugar” e questionar: “Você tem fome e sede de quê?”. Será o primeiro Grito após o país  passar pela tragédia de um governo de extrema direita e negacionista, que levou à morte de mais de 700 mil pessoas durante a pandemia de covid-19 e a volta ao mapa da fome, com mais de 20 milhões de pessoas sem acesso à alimentação adequada.

Mesmo antes de ser eleito presidente, Bolsonaro já era conhecido pelas atrocidades que defendia. Desde quando disse que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada porque era feia, ou quando defendeu o golpe de 2016 em nome do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, por exemplo.

É por isso que não aceitamos que Bolsonaro seja apenas inelegível. Defendemos que ele deve pagar por seus crimes na prisão. Sua gestão na pandemia de covid-19 foi criminosa. Atrasou a compra de vacinas, estimulou a venda de remédios que não eram eficazes contra a doença, deixou faltar oxigênio e, quando questionado, fazia piada dizendo que não era coveiro. Não esqueceremos a dor das famílias que perderam seus entes queridos, dos quais muitos poderiam ter sido salvos. Ainda assim, há suspeitas de que ele falsificou seu certificado de que foi vacinado para poder entrar nos Estados Unidos, configurando crime de falsidade ideológica.

Outro crime é a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, o qual a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional sobre o evento deixa cada vez mais evidente o envolvimento do ex-presidente nese atentado à democracia, simplesmente porque não aceitou o resultado das eleições de 2022. O programador Walter Delgatti declarou, por exemplo, que foi contratado por Bolsonaro para fraudar o sistema de urnas eletrônicas, que são comprovadamente seguras.

Além de golpista, é corrupto. O esquema de enriquecimento por meio da venda de joias oferecidas ao Estado brasileiro por representantes de outros países, como a Arábia Saudita, está cada vez mais explícito através das investigações da Polícia Federal. A venda dessas jóias é criminosa pois são bens públicos. Já se  anuncia que o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, ex ajudante de ordens de Bolsonaro que está preso, confessará que negociou as jóias a mando de Bolsonaro.

No Grito dos Excluídos do ano passado, Bolsonaro inflamou sua base para enfrentar pessoas que estavam nas ruas defendendo os direitos da população brasileira, demonstrando que essa extrema-direita não aceita democracia. Bolsonaro já confessou que divulgou notícia falsa de que as eleições haviam sido fraudadas. A cada dia que passa surge uma nova revelação de que ele usou a estrutura de governo para atacar a democracia, cometer atos ilícitos,  beneficiar sua família, assessores e seus amigos militares. Jamais esqueceremos os crimes cometidos por Bolsonaro, agora revelados à exaustão pela CPMI do 8 de janeiro e pela Polícia Federal.

Contra tudo isso, e em memória dos que perderam a vida durante a pandemia, no 7 de Setembro sairemos às ruas para defender a democracia, denunciar a desigualdade social e pela prisão de Bolsonaro, por seus crimes de genocídio contra a população brasileira, fraude eleitoral, tentativa de golpe e corrupção.

*Raimundo Bonfim é coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP). Foi um dos líderes da caminhada Fora Bolsonaro, em 2020.

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