sábado 23 de novembro de 2024

Zumbi dos Palmares, Dandara e a Consciência Negra em Alagoas

Documentário resgata importância do mais conhecido Quilombo, assentado entre a região da Serra dos Macacos e da Serra da Barriga

17 de novembro de 2023 12:12 por Da Redação

Reprodução

No mês da Consciência Negra, Alagoas faz o lançamento nacional do filme ‘Zumbi dos Palmares, Uma Voz para o Mundo’, do cineasta, diretor teatral, poeta e escritor Carlos Pronzato, exibido, nesta sexta-feira (17), às 19h, no Auditório Zumbi dos Palmares, na cidade de União dos Palmares.

Por meio das vozes intelectuais, pesquisadores e ativistas da causa negra em Alagoas, o documentário vem repleto de depoimentos importantes e busca trazer a importância do mais conhecido Quilombo, assentado entre a região da Serra dos Macacos e da Serra da Barriga.

A liderança histórica de Zumbi é inspiração à luta pela liberdade, lembrada nas importantes personalidades e vanguardas femininas como Dandara, Aqualtune, Luiza Mahin. Ícones de combativas mulheres junto com Zumbi, enfrentaram todas as formas de violência em busca de uma comunidade livre, justa e igualitária contra toda forma de racismo, colonialismo, as capitanias, opressores senhores de engenho, seus capatazes e o escravismo do povo negro.

Neste documentário, encontramos depoimentos de negros e negras ativistas em Alagoas, a história do tombamento da Serra da Barriga, que aconteceu na década de 80, a vegetação naquela época estava devastada, foram feitos alguns replantios. Inclusive o Ministério da Cultura iniciou naquela época os estudos arqueológicos.

Os depoimentos apresentados no filme de Carlos Pronzato, traz em diversos momentos a importância do Quilombo dos Palmares, localizando entre o Quilombo Cerca dos Macacos e a Serra da Barriga, em União dos Palmares, Alagoas. Refúgio de negros escravizados, dominados e violentados cruelmente por senhores brancos, donos de engenho. Palmares reunia escravizados fugitivos de engenhos e capitanias de Pernambuco e da Bahia, iniciada em 1580, acolhendo negros, indígenas perseguidos, e uma pequena população de brancos em situação de extremo desamparo.

Considerado o mais importante dos Quilombos da América Latina, abrigava aproximadamente 20 mil habitantes. Subsistiam da caça, pesca e coleta de frutas (manga, jaca, abacate, laranja, entre outras), da agricultura (feijão, milho, mandioca, cana-de-açúcar). Em sua origem a região tinha uma vegetação densa, repleta de árvores gigantes e mata fechada, por isso uma localidade apropriada para uma organizada fortaleza.

Cineasta Carlos Pronzato | Reprodução Instagram

A organização liderada por Zumbi e Dandara, chamava atenção dos grandes proprietários de terra, senhores brancos. Os quilombolas produziam artesanatos (cestaria, tecidos, cerâmicas, metalurgia) e os excedentes eram comercializados com população vizinhas. Gerava uma economia sustentável e intensa na região do quilombo. Em 1670, Zumbi transforma-se em líder por organizar a resistência. Após várias conquistas e vitórias, é encurralado e morto em novembro de 1695.

Zumbi dos Palmares, uma voz para o mundo

Em Maceió, o filme Zumbi dos Palmares, Uma Voz para o Mundo, no último dia 13, no Arte Pajuçara, teve algumas manifestações como a do jornalista Alexandre Sampaio, neto de negro caçado pela ditadura militar. Representante do Movimento Unificado de Vítimas da Braskem, na capital alagoana. Alex, mencionou a importância da luta contra a violência do povo negro e fez a seguinte convocação: Quero convidar vocês para depois de subir a serra, descer a ribanceira e ver o que está acontecendo nos Flexais, dez mil pessoas ilhadas, cercadas. O que está acontecendo é um novo racismo, o Racismo Ambiental, em que despreza e exclui negros e toda comunidade periférica. Laudos antropológicos e urbanísticos apontam a gravidade da situação. Há um outro tipo de quilombo, um quilombo invertido, em que comunidades vivem em situação de isolamento, na cidade de Maceió.

Faz lembrar a fala de duas educadoras, Paula de Castro e Laura Ferreira da Silva: “A violência contra os povos quilombolas está estruturada não somente no Racismo Institucional, mas também através do Racismo Epistêmico e Econômico, que considera a vida negra descartável e, portanto, não humana. Tanto que o Brasil ainda não conseguiu reparar a dívida histórica com os povos quilombolas, (oriundos dos negros escravizados), explorados do ponto de vista político e de direitos. Entre eles, a garantia do acesso à terra e a proteção de seus territórios”.

O cineasta Carlos Pronzato relembrou que o filme sobre Zumbi dos Palmares, segue em União dos Palmares, na sexta 17, no Auditório Zumbi dos Palmares, às 19h. Depois será exibido no Rio de Janeiro, Estação Botafogo, sala 2, ainda em novembro, 27, no horário 21h. Em Taubaté, SP, dia 1º de dezembro, às 18h. Em Campinas, na Ocupação Marielle Franco, dia 3 de dezembro.

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