29 de novembro de 2023 10:34 por Da Redação
Nessa segunda (27) e terça-feira (28), a população de Maceió voltou a sentir o terror instaurado pela mineradora/petroquímica Braskem que, há quase 50 anos, extrai o minério sal-gema do subsolo da cidade. Desta vez, moradores do Condomínio Morada das Árvores, no bairro Pinheiro, afirmam terem sentido três tremores de terra. Os “microssismos” na área das minas que estão sendo preenchidas pela Braskem foram confirmados peã Defesa Civil Municipal.
A explicação dada à imprensa e aos moradores pelo coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, é evasiva. “Registramos os abalos após os relatos do síndico, porém isso requer um certo tempo para confirmação. Nós registramos os tremores e continuamos monitorando o local”. O real significado de “monitorar o local” não é dito claramente aos moradores.
Ele disse ainda que, neste momento, como foram registrados tremores em menos de 24 horas, não tem como fazer a análise no local, pois, existe risco. “Registramos os cinco tremores, porém foram de baixa magnitude, que não podem gerar danos à superfície do local. É uma área muita frágil, onde pode acontecer novos eventos do tipo”, destacou.
Abelardo Nobre disse que os abalos não oferecem risco à população, pois são de baixa intensidade, não existindo, segundo ele, motivo para pânico. “A área de maior risco naquela localidade já foi totalmente evacuada. Tremores naquela região podem acontecer, pois todas as condicionantes daquele local podem promover esse tipo de evento”.
Histórico
A ocorrência de abalos sísmicos vêm se intensificando de 2018 quando a cidade foi sacudida com um tremor de magnitude 2.4 na escala Richter, registrado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), sediadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
No último dia 7, a Defesa Civil de Maceió confirmou a ocorrência de dois abalos sísmicos, de baixa magnitude, na região do Mutange. Os eventos sismológicos aconteceram segunda-feira (06), às 11h58 e às 13h44. No dia seguinte, em 8 de novembro, o Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas, através de ofício à Braskem, Defesa Civil de Maceió e à Agência Nacional de Mineração (ANM), cobrou esclarecimentos sobre os tremores.
Fato Real
A Braskem permanece controlando todos os espaços públicos e privados quando se refere ao maior desastre ambiental em área urbana em curso no mundo, provocado pelas ações deliberadas e criminosas na exploração irresponsável de sal-gema.
A Prefeitura de Maceió, os Ministérios Públicos Federal e Estadual estão, desde que a tragédia eclodiu, sendo abastecidos de informações viciadas e de estrito interesse da empresa.
A Diagonal, empresa contratada pela Braskem, produziu diagnósticos sobre o acidente, desde o início, foi contestado por grupos de professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) que acusaram de inconsistente, com nítido interesse de beneficiar a Braskem e sem seriedade técnico-científica.
Mesmo assim os ministérios públicos e a Justiça Federal aceitaram fundamentar suas decisões com base nesse tipo de documento.
O Poder Público tangencia diante das consequências ainda desconhecidas no todo. Não falar claramente e nem convocar a comunidade cientifica para analisar o problema é uma atitude política em beneficio da empresa Braskem e, em consequência, contra a população que tem sido as vítimas do crime.