9 de dezembro de 2023 8:18 por Geraldo de Majella
A tardia revelação ao mundo da sequência de crimes cometidos pela Braskem em Maceió expôs o vergonhoso acordo celebrado entre a empresa, a gestão JHC, os ministérios públicos Federal e Estadual e Defensoria Pública da União.
O preço da “rendição” foi R$ 1,7 bilhão. O pix repassado da empresa criminosa para a administração municipal é um escárnio. A Braskem vitimou 60 mil pessoas, dezenas mortas por infarto, depressão, AVC e cerca de treze suicídios.
A ganância da Braskem em obter lucros imorais, com total conhecimento de que consumava crimes em série, era alimentada pela sanha assassina dos seus diretores e acionistas. Com igual voracidade, o prefeito JHC assinou o acordo de rendição de Maceió, sem se importar com o sofrimento de dezenas de milhares de pessoas.
A mina 18 furou a bolha da mídia local e nacional e estabeleceu a dimensão real do problema. Os operadores da Bolsa de Valores, de São Paulo ou Nova York, estão sabendo o que, efetivamente, aconteceu em Maceió.
A sociedade civil, assim como os investidores, também tomaram conhecimento dos fatos revelados pelas mídias.
As vítimas, cada vez mais, avançam na organização e travam o enfrentamento com os órgãos estatais que teriam de fiscalizar, proteger e defender os direitos subtraídos das milhares de vítimas e da sociedade. Essas instituiçoes estão sendo empurradas para as cordas.
A legitimidade de se rebelar e enfrentar os poderes é um direito consagrado pela Constituição. Os doutos senhores e senhoras vão, de agora em diante, saber qual é o tamanho da exposição pública de suas decisões em benefício da Braskem.
Rebelar-se contra os algozes e seus aliados gera momentos históricos de consciência política-cidadã ou desespero em massa. Os levantes ocorridos nos Flexais e no Bom Parto é para ser celebrado como sinal de vitalidade da sociedade. Esta parte da sociedade que se insurge contra o aparelho de Estado é saudável, é legitima e, espera-se que não se desmobilize.
As redes sociais dos pobres oprimidos dos alagadiços do Bom Parto, Flexais, Quebradas e rua Marquês de Abrantes se insurgiram pela ausência de quem deveria protegê-los.
As organizações sociais, as igrejas progressistas, os partidos políticos de esquerda e democratas, o movimento sindical e as centrais sindicais entenderam que essa luta não pode ser apenas das vítimas da Braskem. A cidade de Maceió tem sido vítima dessa indústria há quase 50 anos.
O prefeito JHC, os ministérios públicos Federal e Estadual, a Defensoria Pública da União (DPU), a Justiça Federal e o IMA não podem ficar um único dia sem serem pressionados pela população que busca os seus direitos.
A democracia se fortalece com enfrentamento de classe e de postura política. Nenhuma democracia se consolidou sem embates.
29 Comentários
Um texto pungente e meditativo, convidando o país a se pronunciar sobre este crime infame contra Maceió. Um urbanicídio quase planejado a sangue frio. O artigo do Geraldo de Majella desnuda toda a farsa e as podres negociatas entre Brasken e a prefeitura de Maceió, além doutras organizações genocidas.
A sociedade deve e pode exigir através das mobilizações a devida e justa resposta a esse ato com tipicidade de crime. Vamos à luta!
Finalmente, parece q a massa “acordou”. E o povo se mobiliza.
Cadê os líderes alagoanos de esquerda comprometidos com esta causa?
Aqui no agreste ninguém os vê nem escuta na luta pela justiça ambiental.
Um texto cirúrgico e necessário
O que de fato estamos assistindo são às ofensivas ameaças do grande capital de forma devastadora e cruel em nossa linda e bela Maceió. Lamentável a postura Patética deste prefeito e seu senador perdido. O povo tem que continuar nas ruas em suas lutas honradas e de vez desmascarar também quem são além da Braskem,os verdadeiros criminosos dessa tragédia sem precedentes. Avante companheiros!
Só a mobilização popular pode mudar algo.
Só a mobilização popular pode mudar algo.Que mais pessoas se engagem nessa luta.
Só a mobilização popular pode mudar algo.Que mais pessoas se engagem nessa luta.
Gostei da expressão furou a bolha. É um absurdo aqueles qye são eleitos pra cuidar da cidade( prefeito) se manchar com tanta lama. E com aval dos órgãos fiscalizadores do direito.
A sociedade alagoana está percebendo que o problema não atinge apenas aos moradores expulsos de seus bairros. Esse crime socioambiental fiz respeito à todos nós e demonstra como o lucro não pode estar acima da vida
Todos os governadores de 1975 para cá, como também os prefeitos de Maceió, maioria dos deputados, senadores e vereadores de Maceió, ao longo dos idos tempo, são culpados por esta tragédia. Para ter uma empresa como a Braskem, teve e tem ainda a conivência dos gestores e instituições públicas, para facilitar a ganância capitalista!
As consequências dessa tragédia anunciada não afeta só os moradores dos bairros afetados!!! Afeta toda a cidade de Maceió!!!
Essa é uma luta de toda a sociedade!!!! Não podemos nos omitir!!!!!!
A Braskem não pode, de modo algum, ficar impune diante dos crimes absurdos cometidos contra a população maceioense. Reparação já e julgamento para os responsáveis.
Alguns amigos meus moram fora de Alagoas e otros que residem em alguns países, estão abismados com o que vem ocorrendo em Maceió. Essa catástrofe espalhou-se pelo mundo. Agora não tem mais como esconder ” o Sol com a peneira “. Instituições, públicas que deveriam ser exemplo e proteger a população, encontram-se submersa nas minas criminosas que deixaram mais de 60 mil pessoas na desgraça. Além disso, tem o dano ambiental. Nossa lagoa mundaú; com seu ” Sururu, responsável pelo sustento de várias famílias, está fadado ao desaparecimento. Os pescadores como viverão?
Meu avô João Henrique era pescador, morava em Santa Luzia do Norte. Foi um dos criadores da colônia de pescadores de Santa Luzia; sendo seu primeiro presidente. Muitas vezes com ele naveguei pela lagoa Mundaú. Fui morador dos bairros do Mutange e Pinheiro. Foi lá que passei minha adolescência transitando em Bebedouro e Bom Parto, até a fase adulta. Estudei no CEPA desde o ginásio ao ensino médio. Sinto uma mistura de revolta e decepção por tudo que vem ocorrendo, principalmente dos entes públicos. Senti a ” partida ” de vários amigos que, por depressão, desilusão e desespero, resolverem dá cabo da própria vida. A BRASKEM representa a cruel selvageria do capitalismo. São abutres, alimentam-se de vísceras. Os entes públicos envolvidos, agiram como vampiros; sugando o sangue de mais de 60 mil famílias. ” Os MORCEGOS são cegos, mesmo assim não suportam a luz “.
Parabéns ao 082 pela maravilhosa matéria.
Realmente @chicodeassis, é o quadro mais triste que já vi..Me sinto representada com suas palavras .Vivemos dias maravilhosos no Mutante, Pinheiro e no CEPA,hj dói quando passo por lá e vejo o que essa máquina mortífera da Braskem fez com nossa cidade e com o sonho de tantas famílias que viveram nesses bairros.Essa bomba atômica deixou como resultado pessoas doentes e tantas outras que tiveram suas vidas ceifadas,e o que é pior: com a conivência do poder público e das instituições que colocaram o dinheiro acima dos seres humanos…Fora Braskem e essa corja de irresponsáveis mercenários…
!!!!
Today at 11:44 (3 seconds ago)
O volume maior das vozes e das palavras que tem se levantado contra esse monstruoso CRIME, vem, em sua grande maioria, acompanhado de valores em reais. Foi disso que se aproveitou a BRASKEM, para negociar seu comprovamte de absolvição, por um bilhão de reais, junto ao Tribunal Municipal Massa. Urge que as instâncias judiciais demonstrem ao pais e ao mundo que no Brasil ainda existem o Código Penal e as cadeias.
Importante a cobertura da mobilização
Além do IMA e do Conselho estadual do meio ambiente.
Acorda povo!!!!
Muito bom
Mais uma zona de sacrifício ambiental na periferia do mundo. Mariana, Brumadinho, Goiânia-Césio 137, Balbina, Barcarena e tantos outros crimes ambientais impunes. Oxalá tenhamos ao menos uma condenação. Que Angra 1 e 2 não sejam os próximos!
Mais uma zona de sacrifício ambiental na periferia do mundo. Mariana, Brumadinho, Goiânia-Césio 137, Balbina, Barcarena e tantos outros crimes ambientais impunes. Oxalá tenhamos ao menos uma condenação. Mais uma tragédia. Que Angra 1 e 2 não sejam os próximos!
Parabéns Magella. É preciso continuar. Essa é uma história ainda longe do fim. É a cidadania a responsável por não deixá-la morrer
Brasken criminosa! Cadeia para os responsáveis!
Brasken criminosa! Cadeia para os responsáveis! É preciso seriedade nas investigações!
Absurdo! Vergonhoso! Fora Braskem!
Braskem criminosa!
Parabéns, Majela pelo conteúdo que contribui para o debate, a mobilização e ação. Diferentemente dos anos 1980, agora não dá mais para grande parte da sociedade alagoana dizer que os ambientalistas são contra o “progresso”. Quando fui morar em Maceió, em 1977, era absurdo constatar que o que seria a zona sul de Maceió era uma área cedida à Salgema, casarões abandonados no Trapiche, o Pontal da Barra ameaçado. Não, Maceió não teria uma zona sul como as demais capitais litorâneas. E tudo isso para acomodar um monstrengo que se insinuava na paisagem em uma das belas praias da cidade. Quem tinha muito dinheiro passou a habitar a zona norte (Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca) e, posteriormente, invadiu Barra de São Miguel. Mas, quem não, continuou ali por perto do perigo iminente. E nunca se falava que, nas entranhas de outros bairros, tecia-se a tragédia que agora expõe a face cruel do capitalismo. Como mostra o texto, não é mais possível cobrir a irresponsabilidade de empresários, autoridades e dos defensores do “progresso” a qualquer custo.