1 de janeiro de 2024 6:43 por Geraldo de Majella
As mulheres não costumam revelar a idade. É falta de educação perguntar, assim aprendi desde criança. Neste dia 1º de janeiro a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, vai comemorar o seu aniversário de 70 anos. A revelação consta do convite da aniversariante.
A conheci no final da década de 1970, por intermédio do seu tio Zé Dezinho (José Vieira), um comunista histórico. Daí em diante, os nossos caminhos se cruzaram e nos tornamos amigos fraternais.
A jovem dentista da periferia, em 1982, foi eleita vereadora em Maceió. Fui um dos convidados para assessorá-la. Àquela época, eu militava no PCB e Kátia era filiada ao PMDB. A oposição elegeu a melhor bancada da história da Câmara de Maceió.
Em 1985, Kátia deixa o PMDB e participa da fundação do Partido Socialista Brasileiro (PSB) ao lado de Ronaldo Lessa, Jurandir Boia, Dênis Agra, Rubens Jambo, entre outros.
A trajetória política de Kátia Born foi ascendente, de vereadora a secretária municipal, estadual. A primeira mulher eleita e reeleita prefeita da história de Maceió. Exerceu cargos como os de secretaria de Estado de Saúde, de Ciência & Tecnologia, Mulher e Direitos Humanos e, atualmente, de Assistência e Desenvolvimento Social.
A atividade política é carregada de energias negativas, de jogos rasteiros e “golpes abaixo da linha da cintura”. É a regra, se existe exceção não conheço. A construção e desconstrução de imagens faz parte da disputa pelo poder.
A história política de Alagoas é simbolicamente um “latifúndio” a ser explorado e a ser escrito. As duas últimas décadas do século XX ainda não foram “descobertas” e o que dirá estudadas para se compreender o papel da esquerda nas lutas sociais e no poder durante doze anos administrando Maceió e oito anos governando o Estado de Alagoas.
O significado político e social de uma mulher de esquerda administrando a maior cidade do estado e ter sofrido ataques pessoais e políticos, misoginia e homofobia, além do maior cerco midiático que um gestor público em Maceió sofreu tem sido naturalizado.
É provável que nem a própria vítima tenha essa compreensão do quanto as elites alagoanas a odiaram. O ódio em Alagoas é transmitido de pai para filho.
A serenidade que o tempo impõe oferece as condições para que sejam abertos os arquivos físicos e da memória para estudar e refletir, ouvindo aliados e opositores, à esquerda e à direita.
Esse tempo, o da reflexão, começa a ser vislumbrado no horizonte como ideia que tende a se materializar.
O perfil político conciliador de Kátia Born é imutável e somado à leveza como se porta na vida pública e pessoal é o diferencial em relação aos políticos. Certamente, essa sua maneira de viver a vida lhe tem feito bem.
O rancor não é um combustível para ser consumido em sua vida. Kátia, é desde que a conheço, uma pessoa alegre e solidária.
Vida longa, querida!
2 Comentários
A matéria enaltece uma qualidade rara dos políticos: superar divergências sem rancores, sem ódios. Katia, embora destemida e ousada, não se afastou da leveza no exercício da atividade política. Sem dúvida, continuará nessa trilha! Vida longa!
PARABÉNS pelo texto, o mesmo relata a mulher guerreira que se assume e enfrenta todos seus compromissos com competência , honestidade e transparência.
Parabéns Kátia Born