Por Dindara Paz, do Alma Preta
Com as festas de final de ano e a chegada do verão, a procura pelas trancistas costuma ser frequente em diferentes estados do Brasil, especialmente pelas mulheres negras, que apostam em penteados versáteis e práticos para esse período.
Segundo trancistas ouvidas pela Alma Preta Jornalismo, uma tendência que deve bombar em 2024 são as tranças com cachos, especialmente a mais nova tendência, chamada de “French Curls Braids“, que em tradução livre significa “tranças francesas”.
Feito com material importado, com valores que variam de R$ 60 a R$ 90 apenas um pacote, a principal característica das “French Curls” são os cachos mais grossos e ondulados nas pontas. São tranças mais finas que podem ser feitas com ou sem nó na raiz, método conhecido como “knotless braids“.
Atuante no ramo das tranças há oito anos na Bahia e criadora do perfil Fala Trancista, Michele Reis explica que nas “French Curls” a trança pode ser feita até abaixo do ombro, onde é feito um nó na ponta da fibra, deixando todo o restante solto com os cachos para dar um aspecto mais natural.
“Ela é uma fibra que já vem ondulada, específica para esse tipo de trança. Na gringa a galera utiliza sem nó na raiz, que é a trança ‘knotless Braids‘, mas aqui no Brasil, — como a gente gosta de mais durabilidade — geralmente se usa o nó. São tranças mais finas para poder dar um aspecto mais ondulado”, explica a especialista.
Em São Paulo, as “French Curls” estão entre as mais procuradas no RAS, salão especializado em tranças e penteados afros. O empreendimento surgiu em 2021 e é liderado pelas empresárias Taynara Alves e Carolina Pinto.
À Alma Preta, Carolina explica que um dos benefícios das “French Curls” é o fato de não precisar utilizar mais de uma fibra para dar o efeito de naturalidade ao cabelo. “Ela é feita com um único material, já vem com os cachos, então a gente não tem mais o trabalho de fazer a mistura de material que, às vezes, acaba embolando”, comenta a empresária.
Buscas na internet
As buscas pela “French curl” na internet aumentaram significamente desde o início de novembro. Em dezembro, o termo teve pico de busca no dia 8 e o segundo maior registro de busca foi no dia 16, segundo o Google Trends.
Em um recorte por região, as buscas são mais frequentes nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, o que indica um interesse pelo tipo da trança em diferentes estados do país no período do final de ano.
Fora das telas, a procura pelas trancistas é alta nos períodos de festividades. Para a empresária Michele Reis, esse é o momento em que as profissionais têm a oportunidade de garantir uma boa renda e montar um perfil com visibilidade na internet.
“Falar das tendências é uma boa porque chama atenção, vai mostrar inspiração. Muitas vezes, a pessoa que pode se tornar uma cliente está indecisa do que vai fazer no fim de ano e já tem uma ideia vendo aquele post. Quando a gente passa conhecimento, a gente ganha a confiança das pessoas e clientes”, relata Reis.
No “Espaço Orí“, em Belém (PA), a trancista e dreadmaker Jenni Velozo conta que as tranças nagôs e dreads também são bem procuradas nesse período do ano.
“No Natal e Ano Novo a gente tem uma procura muito maior de tranças, de procedimentos da estética afro. Até os dreads, que demandam mais tempo, têm sido bem procurados nessa época do ano”, comenta.
Tipos de tranças
“Goddess braids“, “French curl braids“, “Gypsy braids“, muitos são os nomes para as tranças que têm virado tendência, mas qual a principal diferença entre elas?
Jenni Velozo diz que as diferenças entre as tranças variam conforme as técnicas utilizadas, como, por exemplo, a posição dos cachos nas tranças.
“Por exemplo, na ‘Goddess‘ é feita a ‘box braid‘ (trança base) por completo e entre elas são colocados alguns cachos. Já a ‘Gypsy‘ é feita até o final do cabelo da pessoa ou do comprimento que ela quiser, e as pontas são com cabelo orgânico”, detalha a trancista.
Proprietária do RAS, Carolina Pinto também destaca que a aplicação dos cachos nas tranças dependem de, pelo menos, dois materiais: o jumbo, uma fibra sintética utilizada para fazer a trança base, e uma fibra orgânica, que pode ser cacheada, lisa, crespa, e que trazem mais naturalidade ao penteado.
“Por exemplo, a ‘Goddess‘ é aquela trança padrão que você faz com um nó no começo da raiz e você vai colocando o cacho. Já a ‘Gypsy Braids‘ começa sempre com a trança sem nó na raiz, coloca o cacho e ela passa a sensação que tem mais cachos do que trança, então essa é a principal diferença das duas”, afirma.
Dicas de cuidados
Para quem já coloca tranças ou pretende iniciar nesse universo, as principais dicas para manter as tranças nesse período vão desde a higienização quanto ao modelo do penteado.
Para a trancista Jenni Velozo, a lavagem da fibra somente com o shampoo é essencial para manter o couro cabeludo higienizado e evitar acúmulo de resíduos.
“Importante cuidar delas no sentido de evitar ficar amarrando muito para evitar tração e se precisar amarrar, optar por um fio ou uma xuxa. Touca e fronha de cetim também são muito importantes nesse processo de cuidado”, ressalta.
Já Carolina Pinto observa que no verão é importante escolher tranças que possuem fibras mais leves e que não embaracem com facilidade.
“Por exemplo, se você vai entrar no mar, numa piscina, opte por fazer tranças um pouco mais grossas e que o cabelo não embarace tanto. A ‘French Braids‘ é ideal para isso porque como não tem o atrito de dois materiais diferentes, ela não acaba embolando”, afirma.
Michele Reis, do Fala Trancista, destaca que também é preciso adotar cuidados especiais para o pós-trança, quando o cabelo, especialmente crespo, precisa de mais atenção.
“Tem pessoas que acham que o cabelo crespo precisa de menos cuidados, mas na verdade é o que mais precisa de cuidado. É um cabelo muito sensível. O ideal é não passar mais de 60 dias com as tranças, deixar secar direito. Se for à praia com as tranças, quando chegar em casa lava no dia ou no dia anterior e deixa secar naturalmente”.