Um fenômeno estranho tem atingido algumas casas na Rua Marquês de Abrantes, bairro de Bebedouro, em Maceió, após o afundamento do solo provocado pela mineração da Braskem, especialmente, na região próxima à Lagoa Mundaú. Crateras estão se abrindo no solo e a água minando do chão, provocando danos em diversos imóveis.
No mês passado, um técnico da Defesa Civil Municipal vistoriou a casa da dona Ângela Maria, que fica nas imediações do Riacho do Silva. O profissional constatou as “patologias” na construção e confirmou que, no entorno da residência dela há outros minadouros, inclusive, com um fluxo de água ainda maior.
No relatório da Defesa Civil, divulgado no último dia 22 de dezembro, o vistoriador Décio Antônio Almeida Mendes recomendou que o caso fosse encaminhado à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) para investigar se a residência foi construída sobre uma nascente aterrada.
Mas, dona Ângela Maria questiona o laudo com base em conversas que teve com o técnico da Defesa Civil. Ela acredita que ele tenha ficado temeroso em relatar a verdade no documento oficial: a relação entre o problema na casa dela e vizinhança e o colapso nas minas da Braskem, especialmente a mina 18, na Lagoa Mundaú.
Dona Ângela, que se sentiu mal e precisou ser atendida em um hospital após saber que terá de deixar a casa onde viveu por 30 anos, revela a conversa que teve em off com o profissional da Defesa Civil: “Ele deu uma explicação de que isso se trata do lençol freático, por conta da minha casa ficar perto do Riacho do Silva, que faz parte da lagoa. E que esses minadores vão aparecer sempre, porque a lagoa está passando por esses problemas e a água está subindo. Com isso, as moradias construídas em locais como aqui,dos flexais, próximo ao riacho e à lagoa vão sofrer esse problema, infelizmente”, relata.
Ela conta que, até hoje, aguarda uma visita de uma assistente social da Prefeitura de Maceió para dar orientação sobre a mudança, que não ocorreu. Neste vídeo, Ângela Maria mostra a situação da casa dela: