Por Patrícia Santos, do Alma Preta
Através de depoimentos de abolicionistas modernos e trabalhados rurais vítimas da escravidão contemporânea, o documentário ”Servidão“ investiga a sociedade brasileira que há cinco séculos continua a submeter pessoas, principalmente negras,, a serviços sem remuneração e péssimas condições de trabalho. O filme chega aos cinemas dia 25 de janeiro.
A produção tem direção de Renato Barbieri, que também dirigiu o longa de ficção “Pureza”, tem a narração de Negra Li e conta histórias reais de trabalhadores da região amazônica que vivem em condições desumanas e ganham uma remuneração de R$ 40 reais ao mês. Além de histórias de crianças, que aos 10 anos de idade, já sustentam suas famílias.
Os relatos de historiadores e especialistas em escravidão geram uma fundamentação importante para demonstrar que a escravidão nos séculos XVI, XVII e XVIII baseiam as condições de trabalhos dos homens que vivem em condições análogas a escravidão nos tempos atuais.
O diretor mencionou uma das histórias mais emblemáticas do documentário e ressaltou que é dever da atual geração erradicar a escravidão contemporânea.
“ Conforme fui conhecendo ‘em campo’ trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim Marinaldo Soares Santos, que foi escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá a nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo tomando o projeto abolicionista para si, isso será possível um dia e fato é que não podemos mais adiar isso”, afirma Barbieri.