sábado 23 de novembro de 2024

Jornalista celebra resistência das primeiras mulheres de terreiro em novo livro

"Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô" será lançado no dia 31 de janeiro, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em Salvador
Foto: Divulgação

Por Giovanne Ramos, do Alma Preta

No próximo dia 31, às 18h30, o Museu Nacional de Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador, receberá o lançamento do novo livro da jornalista e cientista da religião Claudia Alexandre, “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô – sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés”. A obra está disponível para compra on-line, no link.

O evento terá uma roda de conversa com participação da prefaciadora, a socióloga Núbia Regina Moreira, coordenadora do grupo de pesquisa Ojú Obìnrín Observatório de Mulheres Negras e professora da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB). Haverá sessão de autógrafos e venda de livros no local.

“Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô” questiona sobre representações femininas de Exu que não foram inseridas na definição do corpo das tradições iorubá-nagô dos primeiros candomblés na Bahia. A obra insere registros e informações sobre as experiências e protagonismo de mulheres negras — africanas, escravizadas, alforriadas, libertas — que resistiram às opressões patriarcais para manter suas práticas ancestrais.

O livro é baseado na tese de doutorado da autora, defendida em novembro de 2021, eleita a Melhor Tese do Ano pelo Programa de Ciência da Religião da PUC-SP.

Claudia Alexandre também possui uma vasta produção sobre sambas e escolas de samba de São Paulo e é autora do livro-dissertação “Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai”, pela Editora Aruanda.

Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô

Ao abordar a demonização, o livro aponta o racismo religioso como uma das opressões sociais que atravessa a ambiguidade do orixá Exu, principalmente quando reivindica o lado feminino do orixá. Algo pouco explorado na literatura sobre a formação dos candomblés de tradição iorubá-nagô, que cultuam Exu-Legba-Legbara-Elegbara.

Durante a pesquisa, a autora percorreu os três terreiros fundantes, em Salvador, na Bahia, que ainda mantêm o sistema matriarcal: Casa Branca do Engenho Velho, Ilê Opó Afonjá e Terreiro do Gantois. O resultado foi a constatação de que, apesar da liderança das mulheres, houve tensões na relação com o orixá Exu, o que exigiu dissimulações e negociações por parte das poderosas ialorixás, em relação à dominação da Igreja Católica. A masculinização e a demonização foram as principais transformações que Exu sofreu na travessia atlântica.

No livro estão disponíveis imagens e representações de figuras femininas de Exu, evidenciando que a diáspora negra ainda mantém muitos fragmentos de violências que alteraram a relação do povo negro com sistemas de crenças ainda presentes na cosmologia africana.

Please follow and like us:
Pin Share

Mais lidas

Polícia científica identifica digitais de suspeitos em brigas entre torcedores de CSA e CRB

Uma perícia realizada pelo Instituto de Criminalística de Maceió em um veículo utilizado na

Cultura reúne artistas musicais para novo cronograma do 6º Festival Em Cantos de Alagoas

A Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult) reuniu, na terça-feira (10),

TRE proíbe motorista de aplicativo de colar adesivo de candidatos

Veículos cadastrados em aplicativos de transporte urbano, como Uber, 99, InDriver e outros, não

Eleições 2024: cresce em 78% o número de eleitores menores de 18 anos

Por Iram Alfaia, do portal Vermelho O Brasil possui 1.836.081 eleitores menores de 18

Eleitores vítimas da Braskem são orientados a buscar novos locais de votação

A mineração predatória que a multinacional Braskem S/A realizou em Maceió por quase 50

  Dados de Projetos Esportivos Clube de Regatas Brasil – CRB Autor Descrição da

Senador vê desprendimento na renúncia de Joe Biden

O senador alagoano Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes no terceiro governo do presidente

Técnicos da Ufal avaliam proposta do governo para por fim à greve que pode chegar

  O Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *