11 de junho de 2024 10:51 por Da Redação
Por Geraldo de Majella
O produtor cultural Ednaldo Vasconcelos (Caruaru-PE, 30 de outubro de 1962), ou Dinho Lopes, como é conhecido no meio artístico alagoano, é filho do casal Edécio Lopes e Olindina Lopes. Torcedor do Central de Caruaru, veio morar e trabalhar em Maceió, onde a Câmara Municipal lhe concedeu o título de cidadão, um reconhecimento pelas significativas contribuições como administrador hospitalar e produtor cultural que deu à cidade.
O gosto pela música aparece desde a infância. Dinho Lopes é um dos quatro filhos do radialista, escritor e compositor Edécio Lopes, um dos ícones do rádio alagoano e nordestino. Edécio e a esposa Olindina, no final da década de cinquenta, mudaram-se para Maceió, onde ele foi contratado para trabalhar como radialista na Rádio Gazeta de Alagoas.
Edécio Lopes trabalhou em épocas distintas nas rádios Progresso, Difusora, Palmares, Gazeta de Alagoas, Manguaba, 96 FM e Educativa FM. Foi o criador do programa “Manhãs Brasileiras”, o mais longevo e prestigiado programa da radiofonia alagoana.
Dinho Lopes é formado em Administração de Empresas com pós-graduação em Administração Hospitalar pela FGV-RJ, sendo um profissional experiente com mais de 30 anos na área.
Carnaval na veia
O carnaval faz parte do DNA do produtor cultural Dinho Lopes. Seu pai é um dos mais importantes compositores de frevo de Alagoas, com centenas de músicas gravadas e clássicos do carnaval alagoano como Cidade Sorriso e Oia a cara dele e Lembre de mim.
Em 1983, foi criado o bloco “Pecinhas de Maceió”, hoje o segundo mais antigo da cidade. O primeiro é o Vulcão, bloco criado pela Polícia Militar de Alagoas. As Pecinhas de Maceió foi criado por amigos que brincavam carnaval e se encontravam no Bar da Gil, no bairro do Poço. O engenheiro Apolinário Júnior (Popó) foi quem sugeriu o nome.
As Pecinhas de Maceió é o primeiro bloco em que os homens desfilavam vestidos com roupas femininas. “Esse bloco era uma troça carnavalesca que acabava sempre numa grande farra no Bar da Gil, cujo hino foi composto pelo meu pai”, explica Dinho Lopes.
A brincadeira entre amigos se tornou um bloco que leva milhares de pessoas para desfilar na Orla de Maceió.
A criação da Liga Carnavalesca de Maceió foi, para Dinho Lopes, “um momento difícil para o bloco, com o dilema a ser superado: permanecer desfilando como troça ou virar um bloco-empresa”. A decisão foi tomada, Dinho não se arrepende, mas reconhece que “o perfil do bloco mudou e se transformou em um dos maiores blocos de Alagoas, com 5.000 foliões desfilando e mais 10.000 acompanhantes sendo puxados pelo trio”. O bloco atualmente é administrado pelo filho dele, Diogo Lopes”.
Produção cultural
A migração do trabalho como administrador hospitalar, exercido sem folga por três décadas, foi acontecendo paulatinamente até que Dinho Lopes resolveu trabalhar em tempo integral na produção cultural, não mais como uma atividade secundária ou mesmo um hobby.
A produção de eventos exerce e continua exercendo, segundo ele afirma, um fascínio: “desde cedo enxerguei que poderia divulgar, valorizar e difundir a cultura de um modo geral e a música nordestina, gênero que adoro, aglutinando nos eventos, obrigatoriamente, a participação dos artistas de Alagoas de todos os ritmos”.
A lembrança de quando produziu o show do cantor José Augusto é marcante. Ele acertou com a produção da estrela da música romântica nacional que a abertura seria feita pelos cantores Allan Bastos e Luiz Pompe, que estavam com o show em cartaz: “Chico & Caetano”.
Os principais artistas nordestinos são contratados para se apresentar nas festas juninas que organiza. Nomes consagrados como Dominguinhos, Genival Lacerda, Jorge de Altinho e Trio Nordestino tiveram na abertura dos shows os artistas alagoanos: Xameguinho, Chau do Pife, Banda Mô Fio, entre outros.
Adote um garçom
O isolamento social imposto pela pandemia causou mudanças profundas na vida de todos. Dinho Lopes, durante esse período, diante da impossibilidade de trabalho para artistas e outros profissionais, como garçons, promoveu lives que geraram solidariedade, permitindo ajudar cantores, músicos, produtores culturais, garçons e trabalhadores dos bares e restaurantes de Maceió a se manterem, juntamente com suas famílias.
“Adote um Garçom” foi uma campanha de solidariedade de sucesso, que passou a incluir os ambulantes. Com a ajuda de empresários e clientes, foi possível alimentar 500 famílias com cestas básicas por três meses.
A pandemia passou, não sem deixar milhares de mortos e sequelados, uma parte da triste memória de todos.
Festa para animar a vida
Os eventos realizados em 2024 começaram com o tradicional “Carnaval de Edécio Lopes”, realizado na Orla da Ponta Verde. O evento contou com a presença do mais importante cantor de frevo de Pernambuco e do Nordeste, Claudionor Germano, e seu filho. Também em 2024, aconteceu a 1ª Prévia do Mercado.
Dinho Lopes inovou ao levar para o Mercado de Jaraguá milhares de foliões, homenageando os Seresteiros da Pitanguinha.
A programação deste ano após o carnaval incluiu no mês de abril a festa retrô Disco Forever Plus, uma viagem musical aos anos 70/80 com DJ Peixe, e no dia 15 de junho será realizado o “Arraiá Jaraguá” com seis horas ininterruptas de forró, apenas com artistas alagoanos. Os nomes são: Eliezer Setton, Banda Mô Fio, Love do Bom e o pé de serra de Lulu e Forró Danado de Bom.
Agora, diz a música de João do Vale é pra “agarrar o seu par e também sair dançando/ satisfeita e dizendo meu amor/ ai como é gostoso, pisa na Fulô”.