sábado 7 de setembro de 2024

Bairros, sonhos, pessoas, vidas expulsas, isoladas

As comunidades dos Flexais, Quebradas, Marques de Abrantes e Vila Saem localizadas entre os bairros de Bebedouro e parte do Sanatório, também continuam sofrendo danos ambientais

20 de julho de 2024 10:42 por Da Redação

Foto: Rafael Duarte

Os fotógrafos alagoanos Ana Paula Silva, (em particular ex-moradora de Bebedouro), Carlos Eduardo Lopes, Josian Paulino e Rafael Duarte, estarão no lançamento do fotolivro Expulsão, neste sábado, 20 de julho, na Casa IBP (Igreja Batista do Pinheiro), localizada na rua Coronel Lima Rocha, 800, bairro do Pinheiro, Maceió. Consta de setenta fotografias intimistas que trazem o cenário forçado obrigatoriamente a ser deixado para trás pelos ex-moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo na capital alagoana. Com a curadoria do fotógrafo, Jorge Vieira, natural de União dos Palmares, Alagoas, sua publicação traz a sensibilidade dos olhares fotográficos, observados em imagens realizadas entre 2019 e 2023, com linguagem documental e viés poético-crítico, carregadas de profunda identificação com o tema, conforme afirma o curador.

Foto: Ana Paula Silva

Tem seis anos, foi exatamente no dia 3 de março de 2018 que, aconteceu em Maceió, o terremoto de 2,4 na Escala Ritcher, o estrondo abalou área dos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Mutange, mas repercutiu a mais de 5 km como no bairro de Cruz das Almas. Os moradores residentes no perímetro alcançado pela subsidência ouviram aterrorizados. Segundo estudos realizados por geólogos, geofísicos e geotécnicos do Serviço Geológico Nacional (SGB/CPRM), esses bairros e comunidades próximas sofreram abalos resultantes do desequilíbrio provocado (antrópico) pelas cavernas ou minas instaladas pela mineradora Braskem.

As comunidades dos Flexais, Quebradas, Marques de Abrantes e Vila Saem localizadas entre os bairros de Bebedouro e parte do Sanatório, também continuam sofrendo danos ambientais, tem denunciado a situação de extrema vulnerabilidade na mídia e aguardam soluções. São pessoas, pequenas empresas, sonhos que foram construídos e que foram empurrados para o isolamento. Afundamentos, rachaduras, lugares sacrificados, vidas desoladas. Moradores de todas as idades foram atingidas e os reflexos de destruição por todos essas regiões são flagrantes. Filmes, documentários, grupos de trabalhos constam nas universidades e por outras instituições. Estes fatos envolvem todos os maceioenses.

Foto: Josian Paulino

O fotolivro Expulsão vem somar a outros registros do drama. Existem pesquisas, grupos de estudo, movimentos sociais, filmes documentários, livros que tratam do assunto. A Universidade Federal de Alagoas em parceria com a Universidade de Brasília e Universidade Federal de Pernambuco tem trabalhos realizados e outros estudos vem se desenvolvendo. Danos ambientais, enormes desgastes humanos e os estragos financeiros andam juntos nesse drama social. Famílias desoladas aguardam justiça, sem contar que pessoas não resistiram a todas as formas de abalos e em decorrência de tudo perderam suas vidas.

A realidade com grau de agressividade socioambiental, portanto impactante, atinge em especial os ex-moradores, trabalhadores, empreendedores que construíram suas vidas ou parte de suas vidas nesses bairros maceioense. A localização fotográfica é repleta de histórias, memórias afetivas, patrimônios que contam a formação da capital de Alagoas. As fotografias registradas em “Expulsão”, são exemplos de uma memória imagética.

Escolas, instituições religiosas, espaço de culturas, dos folguedos, todo o valor pessoal e coletivo dos bairros destruídos pelo desastre causado em consequência dos impactos ambientais da mineradora Braskem, estão presentes na memória de todos os que viveram nos bairros e comunidades atingidas. “Como ex-moradora de Bebedouro, digo que este fotolivro é necessário, porque traduz a revolta das pessoas que foram obrigadas a deixar para trás parte importante de suas histórias e memórias afetivas, e o sentimento é o mesmo de expulsão”, com esse resumo a fotógrafa Ana Paula Silva, expressa a indignidade das pessoas atingidas pela tragédia ambiental.

Segundo Jorge Vieira, que assina a curadoria e edição, nessa publicação, seus autores vão muito além das rachaduras, imagem icônica dessa que é a maior tragédia socioambiental urbana do planeta, porque como afirma o curador, fotografam o desalento, a dor, a angústia, e outras manifestações humanas impregnadas nos cenários que trazem o Expulsão. Jorge, informa ainda, que o projeto gráfico é de Adriana Almeida, impressão da PSI 7 (São Paulo- SP). O lançamento é gratuito, portanto, entrada franca para o público, no local em que está funcionando a Igreja Batista do Pinheiro, no referido bairro (Pinheiro- Maceió).

 

Serviço:

Dia: 20 de julho

Horário: 16 horas

Local: Igreja Batista do Pinheiro

Rua coronel Lima Rocha, 800 – Pinheiro

Maceió – Alagoas.

 

Foto: Carlos Eduardo Lopes
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