29 de julho de 2024 4:04 por Da Redação
Por Tereza Pereira
O Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, comemorado na última sexta-feira do mês, (26), traz um alerta para este importante ecossistema de várias espécies vivas, inclusive a espécie humana. Há por exemplo, um grande aviso vigilante da cofundadora e diretora do Instituto Bioma Brasil, Yara Schaeffer-Noveli, 80 anos, professora aposentada e naturalista, mestre em oceanografia biológica, membro do SCE/IUCN (União para Conservação da Natureza), considerada a matriarca dos manguezais, que afirma: “Se perdermos nossas barreiras naturais, como recifes, praias, restingas e manguezais, podemos não encontrar alternativas fabricadas pelo homem que sejam tão eficientes para a proteção da zona costeira”, (sos.ma.org.br/noticias).
Em Maceió, o 082 notícias conversou com Fernando Antônio Vieira Veras – engenheiro agrônomo, que é especialista em ecologia e botânica pela UFAL, educador ambiental e paisagista. Os manguezais são considerados como um dos ecossistemas mais produtivos do mundo, dentro de uma diversidade que funciona como berçário de animais, tanto de lagoas, quanto de rios, bem como de animais marinhos, dentro desse ecossistema em estuários principalmente de ambientes lamosos. O mangue é uma formação vegetal de regiões alagadiças e ocorre apenas em regiões tropicais ou subtropicais do mundo no encontro entre o rio e o mar, com suas espécies de árvores de caules, ou chamadas raízes expostas.
No Brasil, entre os principais problemas que ameaçam os manguezais estão as atividades antrópicas, diretas ou indiretas, as quais comprometem a estrutura e funcionamento desse ecossistema, a exemplo do desmatamento, especulação imobiliária, aterro, drenagem, assoreamento, extração de madeiras, exploração agressiva da fauna e as várias formas de poluição. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o Brasil registra a segunda maior área de mangues do planeta e passou a partir deste ano, a contar com o Programa Nacional para Conservação e Uso Sustentável dos Manguezais do Brasil (ProManguezal). Este programa é resultado de mais de dez anos de esforços conjuntos entre o MMA, ICMbio, a academia, povos e comunidades tradicionais costeiros e marinhos no Brasil, por meio de apoio do Projeto GEF Mangue e GEF Mar.
Segundo Fernando Veras, é preciso ter sensibilidade para conhecer e reconhecer a importância desse ecossistema, por meio de passeios educativos, estudos do meio ambiente, realização de palestras, debates, filmes, apresentações. As pessoas podem ter a oportunidade de entrar em contato com esse importante ecossistema, que é responsável pela criação, reprodução e alimentação de uma enorme quantidade de espécies de particular importância para o meio ambiente, para a população, moradores, trabalhadores, povos indígenas, comunidades quilombolas, alimentação, geração de renda, esconderijos de grande variedade de espécies, proteção ambiental para todo o planeta. É preciso estarmos atentos a importância dos manguezais, seu ecossistema, os quais precisam de nutrientes em equilíbrio para manterem o próprio manguezal vivo e produtivo.
Tudo isso ocorre nesse grande estuário, próximo a rios, mares e lagoas. E preciso evitar os agressivos impactos ambientais provocados, para que tenhamos áreas preservadas e restauradas. Todos precisam estar vigilantes. Esse ecossistema de estuário, especialmente em ambiente lamoso, a sua localização ocorre de maneira descontínua do litoral do Amapá até Santa Catarina. É encontrado em vários pontos do litoral brasileiro, dentro de um bioma costeiro, em estuário, ambiente aquático de transição, que atravessa ambiente terrestre, ribeirinho, lagunar e marinho.
Os manguezais surgiram no Pacífico e no Índico. Aqui no Brasil, temos cinco espécies de árvores predominantes. A exuberância desse bioma está presente na Amazônia (Amapá e Pará) e Mata Atlântica na região do nordeste brasileiro), acompanhada de fauna e flora específica. Nós temos praticamente cinco espécies de árvores predominantes: mangue vermelho, mangue branco, mangue botão, mais duas espécies de mangue preto.
O manguezal é uma espécie de floresta e dependendo do tipo de área alagada, ou de “floresta alagada”, tem espécies de mangues que vão estar situadas logo de frente com o mar, com água salgada e outras espécies só vão estar presentes em áreas de água doce, a variedade das espécies depende do tipo de movimento de maior ou menor salubridade. Peixes, de diversos tipos, taiobas, caranguejos, moluscos, larvas de camarões, mariscos, nosso sururu, ostras, variedade de crustáceos são os principais habitantes deste ecossistema tão especial. Entretanto, mamíferos, anfíbios, répteis e até criaturas microscópicas também usufruem deste ambiente. Abrigam e alimentam aves de beleza e espécies diversas como a figuinha-do-mangue, sabiá da praia, saracura-três-potes, saracura-do-mangue, entre outras típicas desta região e outras aves que visitam, as aves migratórias, que são acolhidas neste ecossistema.
Contam com um solo extremamente nutritivo, tem um movimento hídrico suave e uma vegetação que serve de abrigo, e acumulam matéria orgânica, então os manguezais servem de refúgio em especial para organismos jovens em suas primeiras etapas de desenvolvimento. Produtores de carbono azul, transforma a estrutura, restaura naturalmente o ecossistema com uma espécie de sequestro de CO2 na atmosfera e de outros gases que produzem o efeito estufa. Os manguezais são considerados fiéis e vigilantes indicadores biológicos da mudança climática, formadores e contribuidores dos continentes.
Os manguezais são considerados pelos especialistas como florestas alagadas. As florestas de manguezais no Brasil correspondem a aproximadamente 50% da área total de mangues das américas. É preciso valorizar este importante ecossistema de maior produtividade biológica para a vida das espécies e de nosso planeta, quanto mais possa ser preservado, maior será a conservação da vida para todos.
Este meio ambiente tem uma enorme importância para as espécies que nele habitam, internamente e externamente, tantos para os organismos vivos que se movimentam, quanto os organismos sésseis, seres imóveis, que vivem grudados nas raízes ou caules das árvores de mangues, os quais são fundamentais à biodiversidade marinha, as plantas que fixam ao solo, como as árvores e plantas trepadeiras, que nutrem os moluscos bivalentes, ostras, mexilhões, que se fixam em rochas ou outros substratos duros, troncos de árvores.
Nesse ecossistema vivem diversas espécies terrestres, que precisam de ambiente sem poluição, pois também se alimentam e alimentam seres humanos. Esses seres como uma variedade de peixes e outros animais, que utilizam esse berçário especial, formam grande relação vital. Os diversos caranguejos, os caranguejos arborícolas, os escavadores naturais desse solo lamoso, todos esses seres vivos são importantes. As aves típicas da região, as aves migratórias, todos os seres precisam de um ambiente em equilíbrio para manutenção de suas espécies. É importante que o ser humano esteja sensível sobre essa importância, a importância de preservar o manguezal, não permitir a poluição, nem o aterramento, nem qualquer destruição desse santuário, como disse o ambientalista Fernando Veras.
Sítios de passagem e de invernada, os manguezais precisam ser protegidos por constituírem um importante ecossistema de avifauna, promotores potenciais de sustentabilidade para o planeta com suas diversas espécies que naturalmente vivem neste local, inclusive a humana, e as que se abrigam como aves migratórias. Os manguezais merecem destaque em sua importância, estão submetidos a grandes riscos provocados pela irresponsabilidade do ser humano. São sustentos dentro dos indicadores sociais, muitas populações necessitam que esses ecossistemas estejam em equilíbrio e permanentemente protegidos.
A Educação Ambiental em processo participativo precisa contar com o apoio de todos, em cooperação com os agentes públicos, a comunidade e todos os canais de comunicação. Conforme afirmou Fernando Veras, é preciso cada vez mais sensibilizar as pessoas para que todos colaborem na preservação, compreendendo com o aprendizado, visitando de maneira adequada, auxiliando, tirando suas dúvidas, para que todos possam saber o que fazer de modo a respeitar, preservar ou restaurar o meio ambiente. Melhorar a qualidade do ar, do solo, da água, por meio de um manejo seguro, responsável e verdadeiramente sustentável.