sábado 23 de novembro de 2024

“Ainda Estou Aqui” é escolhido para representar o Brasil no Oscar

Estreia do filme no País está prevista para 7 de novembro, após exibição na Mostra Internacional de São Paulo em outubro
Cena em que Eunice (Fernanda Torres) recusa-se a posar triste para foto | Reprodução

Por Cezar Xavier, do portal Vermelho

A Academia Brasileira de Cinema anunciou o filme “Ainda Estou Aqui” como o representante do Brasil na disputa por uma vaga ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, dirigido por Walter Salles, foi escolhido por unanimidade pela comissão de seleção e ganhou data de estreia no Brasil para o dia 7 de novembro. O anúncio foi feito na última segunda-feira (23).

Bárbara Paz, presidente da Comissão de Seleção, comentou a escolha, destacando a relevância e o impacto do filme. “Estou orgulhosa de presidir essa comissão, que foi unânime na escolha desse grande filme sobre memória, um retrato emocionante de uma família sob a ditadura militar. ‘Ainda Estou Aqui’ é uma obra-prima, sobre o olhar de uma mulher, Eunice Paiva, e com atuações sublimes das duas Fernandas. Esse é um momento histórico para nosso cinema. Não tenho dúvida que esse filme tem grandes chances de colocar o Brasil de novo entre os melhores do mundo”, afirmou.

O filme integra uma lista de seis finalistas que concorriam à vaga para representar o Brasil. Os outros títulos incluíam “Cidade Campo”, de Juliana Rojas, “Levante”, de Lillah Halla, “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião.

Reconhecimento internacional e críticas positivas

“Ainda Estou Aqui” já vem acumulando prêmios e elogios no cenário internacional. Recentemente, ganhou o Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, marcando o reencontro entre o diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Montenegro desde “Central do Brasil” (1998), que rendeu ao Brasil sua última indicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional (antiga Melhor Filme Estrangeiro).

A produção também foi aclamada no Festival de Toronto, onde recebeu críticas positivas da imprensa estrangeira. Especialistas colocam o filme como um dos favoritos a garantir uma indicação ao Oscar. O jornalista Scott Feinberg, do The Hollywood Reporter, destacou “Ainda Estou Aqui” como forte candidato em diversas categorias, incluindo Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz (para Fernanda Torres), Melhor Direção, Melhor Direção de Arte, Figurino, Roteiro Adaptado e Melhor Filme. Selton Mello, que interpreta Rubens Paiva, foi citado como potencial indicado ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

Enredo e impacto social

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a história de Eunice Paiva (vivida por Fernanda Torres), mãe do escritor, e sua transformação após o desaparecimento e morte de seu marido, Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), que foi brutalmente assassinado pela ditadura militar em 1971. Eunice, que estudou Direito, tornou-se uma das mais importantes ativistas de Direitos Humanos no Brasil, lutando pela verdade e justiça em meio à violência do regime.

O longa traz uma participação especial de Fernanda Montenegro, que interpreta Eunice em sua fase mais velha. A atuação das duas atrizes, mãe e filha na vida real, foi amplamente elogiada pela crítica, com Torres sendo apontada como uma das favoritas na corrida ao Oscar.

Estreia e caminho ao Oscar

No Brasil, “Ainda Estou Aqui” será exibido pela primeira vez ao público durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre os dias 17 e 30 de outubro. A produção, distribuída pela Sony Pictures Classics nos Estados Unidos, conta com uma das mais fortes campanhas de distribuição e marketing para o Oscar, aumentando suas chances de indicação.

A Academia de Hollywood divulgará a lista de pré-selecionados para a categoria de Melhor Filme Internacional no dia 17 de dezembro, com os indicados finais sendo anunciados no início de 2025. A 97ª edição do Oscar está marcada para o dia 2 de março de 2025. O Brasil, que não consegue uma indicação desde 1999 com “Central do Brasil”, agora deposita grandes esperanças em “Ainda Estou Aqui”.

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