segunda-feira 14 de outubro de 2024

Silvana Valença demonstra otimismo com evolução da cena cultural em Alagoas

Jornalista, fotógrafa e produtora cultural também conta que há tempo a capital alagoana está inserida no circuito nacional

29 de setembro de 2024 9:21 por Geraldo de Majella

Silvana (à esquerda) com Sue Chamusca | Cortesia

Por Geraldo de Majella

A sergipana Silvana Valença é jornalista, fotógrafa e produtora cultural, graduada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Trabalhou nas redações dos jornais Gazeta de Alagoas e O Jornal, atuando em diversas editorias na imprensa escrita. Na televisão, foi editora e produtora.

Em 1998, a convite do Ministério da Justiça, participou do Kuarup, ritual fúnebre sagrado que preserva a cultura e a tradição de diversas etnias do Parque do Xingu (MT).

O 082 Notícias entrevistou Silvana Valença.

082- O trabalho de jornalista na redação é repleto de adrenalina. Por quanto tempo você trabalhou em jornais e na TV, e o que a motivou a mudar de área, passando a atuar na produção cultural?

Silvana Valença – Trabalhei em 2 jornais. Gazeta e O Jornal. Na Gazeta atuei em várias editorias e em TV fui editora e produtora. Na verdade, atuar na produção cultural não estava nos meus planos. Sempre fui parte do público ou escrevi sobre cultura. Só que em 1998 recebi um chamado para participar da equipe do [Teatro] Deodoro, como Chefe de Gabinete. Estava desempregada na época e topei. Lá conheci Sue Chamusca, minha sócia e companheira, que tinha acabado de assumir a coordenação artística.

Trocando ideias, fui me apaixonando por produção. E desse encontro nosso nasceram vários projetos importantes…como Semana do Teatro, Teatro é o maior Barato, Aniversário do Deodoro…

Quando saímos no Deodoro abrimos nossa produtora…e aí vieram muitas ideias, muitos outros projetos. Posso dizer que Sue Chamusca foi a principal responsável pela guinada que aconteceu na minha vida profissional. Além de ser uma profissional por excelência, uma das melhores do País, ela é profundamente apaixonada pela cultura do Brasil e faz com que todo mundo seja contaminado por esse amor. E eu fui…

082Qual é a sua percepção sobre a produção cultural em Alagoas? Desde que você começou, o que mudou nesse cenário?

Silvana Valença – Mudou muito. Tenho uma visão bem otimista porque sinto no meu dia a dia a evolução do mercado, o surgimento de muitos talentos, aumento considerável de espaços para artistas e produtores, e uma maior maturidade do setor. Claro que temos muito o que conquistar ainda. Mas quando lembro que no início dos anos 1980 muitos artistas tiveram que sair de Alagoas porque aqui não havia como sobreviver de sua arte…fico feliz em encontrar uma cena pulsante como temos hoje.

Mercedes Sosa em Maceió | Cortesia

082O que marcou a sua trajetória como produtora cultural em um estado como Alagoas e uma cidade como Maceió, que estão fora dos principais circuitos artísticos regionais e nacionais?

Silvana Valença- Olhe, Maceió e Alagoas há muito tempo fazem parte do circuito regional e nacional. A prova é que já produzimos mais de mil shows, eventos e espetáculos nesses 24 anos de atuação da nossa empresa. Sue quando veio morar aqui trouxe todo o conhecimento dela como produtora nacional e isso foi um divisor de águas. Grandes nomes do teatro, música e dança passaram a inserir o estado nas turnês.

Quanto aos momentos marcantes, são inúmeros. Trazer os shows de Bethânia, que até o início dos anos 2.000 nunca tinha pisado em Alagoas. Trazer Djavan para cá sete vezes. Criar e produzir o Projeto Jaraguá Cultura, trazer 4 edições do Festival Internacional de Bonecos, criar e produzir por 16 anos os Bailes dos Seresteiros da Pitanguinha, trazer Mercedes Sosa, Marisa Monte…a lista é grande e me dá um orgulho danado.

Maria Bethânia em Maceió | Cortesia

082 – O que é mais estressante: lidar com a pressão do editor do jornal cobrando matérias ou com os empresários dos artistas?

Silvana Valença – Na verdade quem lida diretamente com empresários nacionais e os artistas é Sue. Aqui na empresa cada qual ocupa funções diferentes. Eu cuido de parcerias, divulgação, produção executiva e divido com ela a criação de projetos. O que eu posso dizer é que na minha época de jornalismo diário, na maior parte do tempo, eu tive uma sorte danada de desenvolver processos de trabalho com liberdade. Falo especificamente quando passei a escrever sobre cultura e comportamento.

082- A sua empresa trabalhou com alguns dos principais artistas do Brasil, produzindo centenas de shows. Se produziu um rico material fotográfico, vídeos, matérias publicadas na imprensa e redes sociais, esse acervo está organizado? Ou você não pensou nessa possibilidade?

Silvana Valença – Temos muiiiiiiiito material. O acervo está organizado e pronto para ser trabalhado em projetos de memória. Achamos importante deixar registrado o nosso legado, pode ajudar muitas pessoas, despertar interesse pelo segmento cultural.

Show de Djavan em 2002 | Cortesia

082Uma curiosidade: você tem gravado entrevistas com artistas, mas não foram publicadas, estão guardadas no seu computador?

Silvana Valença – Na verdade, eu tenho entrevistas gravadas, mas essas foram realizadas por veículos de comunicação que nos apoiam nessa missão de trazer cultura de qualidade para Alagoas.

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