29 de outubro de 2024 9:04 por Da Redação
Por Geraldo de Majella*
O resultado das eleições de 2024, tanto no 1º quanto no 2º turno, consolidou a vitória de uma maioria de candidatos de direita, centro e extrema-direita. Os partidos que mais se destacaram foram o PSD, MDB, PP, União Brasil, PL, Republicanos, PSB e o PT.
Apesar do cenário adverso, o PT mostrou sinais de recuperação, superando os efeitos de operações que visaram enfraquecer o partido e suas principais lideranças. Desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e a prisão do ex-presidente Lula, o partido tem enfrentado grandes desafios. Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos; agora, em 2024, esse número subiu para 252, com 120 reeleições.
Esse crescimento reflete a resiliência e a capacidade de reorganização política do PT, mesmo em um contexto difícil. No entanto, o resultado ainda está longe de ser comemorado e exige uma avaliação profunda para corrigir erros de estratégia, de formação de chapas e de entendimento com aliados do Governo Federal, que no plano local foram ignorados em muitos casos. Isso resultou em desempenhos eleitorais insatisfatórios para candidatos petistas.
Apesar de sua representatividade na sociedade brasileira, o PT não conseguiu estruturar um programa político estratégico nacionalmente. As decisões têm sido pautadas, em grande medida, no feeling político de sua principal liderança, Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, falta ao partido uma compreensão aprofundada do cenário político local, que considere o peso de forças regionais e ajuste suas alianças estaduais e nacionais de forma mais assertiva.
Após 44 anos de existência, cinco vitórias presidenciais e a eleição de dezenas de governadores, o PT ainda não adquiriu a maturidade política necessária para enfrentar os desafios impostos pela crescente força da direita e da extrema-direita no Brasil e no mundo. Diferentemente dos partidos convencionais brasileiros, o PT lida com disputas internas de poder que, frequentemente, transbordam, ampliando as crises políticas e afetando a coesão em nível estadual e municipal.
O ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoíno tem posições críticas a direção nacional do partido e tem dito que vai continuar o debate público e também interno. “O PT demonstrou vitalidade nessa eleição comparando com as duas eleições anteriores, que foi terra arrasada; o PT tem que passar por uma grande reforma na sua linha política e principalmente dos seus métodos de organização. E esse debate tem que acontecer antes da gente decidir quem é que vai dirigir o partido nos estados e no âmbito nacional”.
Genoíno, no momento, é apenas um militante de base do PT, não está em nenhum cargo de direção e diz que pretende se manter nessa condição. “Essa eleição é um indicador dos conflitos que nós (esquerda) estamos vivendo e dos impasses que o governo (Lula) está enfrentando. A eleição, não foi um desastre para a esquerda, a esquerda não está sitiada, a esquerda não morreu, tem força, potencialidade, tem indicações”, ressalvou.
*É jornalista e historiador