Em nova roupagem recheada de informações e fatos inéditos que abordam desde o discurso apontando a Braskem como a redenção econômica de Alagoas, apontado como enganoso (fake news) pelos autores, passando pela violação da legislação ambiental, a atuação duvidosa de órgãos federais que deveriam defender a população e cobrar pelos danos ambientais, a CPI que não avança, além de outros aspectos importantes e graves, o economista e organizador Elias Fragoso coordena o lançamento na próxima terça-feira, 12, da segunda edição do livro Caso Braskem: Rasgando a cortina de $ilêncios – O lado B da exploração do sal- gema de Maceió. O lançamento será na livraria Leitura no Parque Shopping, em Cruz das Almas, a partir das 19:30 horas.
A primeira edição, lançada em 2022, trouxe a história da implantação da então Salgema e suas consequências desastrosas sob todos os aspectos, apesar dos protestos dos movimentos civis organizados em defesa da vida e do meio ambiente, como também dos especialistas no assunto que sempre denunciaram a instalação da empresa química na área urbana, como sendo uma bomba cuja explosão era previsível.
Nas 400 páginas dessa edição, tem textos de Elias Fragoso – idealizador do projeto – economista, professor aposentado com passagem pela UFAL, CESMAC, Universidade Católica de Brasilia e UniAraguaia, além de ter ocupado diversos cargos públicos, destacando a importância da obra ,que aprofunda a discussão sobre esse crime ambiental, estão contidos textos de oito autores, o biólogo e ecólogo José Geraldo Marques referência mundial nas questões ambientais e representante do Brasil em eventos com esta temática por vários cantos do mundo como Israel, Irã, Portugal, Dinamarca. O professor e escritor Abel Galindo engenheiro e especialista em geotecnia com trabalhos publicados em revistas nacionais e referência internacional. Abel Galindo foi um dos precursores na discussão sobre a construção tecnicamente errada das minas que levaram ao desastre da hoje Braskem em área urbana.
A obra tem participação ainda do professor da Universidade Estadual de Alagoas, Edson Bezerra, doutor em sociologia e mestre em antropologia cultural; o advogado e escritor Claudio Vieira especialista em direito constitucional (que será homenageado in memoriam); do advogado e químico industrial Alder Flores com especializações em direito ambiental, auditoria ambiental atuando no serviço público municipal e estadual como gestor, sempre na área ambiental. A arquiteta e urbanista alagoana Isadora Padilha com passagem pela presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil e atualmente desenvolve um projeto envolvendo os bairros comprometidos pelo crime da Braskem.
Essa segunda edição tem ainda a participação do jornalista Weiller Diniz, especialista em cobertura política que acompanha a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem e da jornalista Wanessa Oliveira mestra em sociologia que acompanhou de perto o drama econômico, político, social desse crime ambiental.
Se nos textos, a empresa é comparada em vários momentos a um dragão de várias cabeças da mitologia grega, ou um polvo com seus vários tentáculos, os autores mergulham nesses tentáculos e mostram a profundidade do crime ambiental, com dados econômicos como por exemplo o percentual de empregos que a Braskem representa para o estado – apenas 0.14% do total de vagas ocupadas de Alagoas.
Com fotos, documentos, gráficos, relatórios, pesquisas e outros materiais importantes, os autores trazem pra sociedade o tamanho da tragédia que reflete e refletirá de forma negativa na sociedade alagoana ad aeternum.
No adendo que faz à primeira edição, Elias Fragoso destaca que “ nada foi feito pelas autoridades “coniventes e acoloiadas” para resolver a situação de 140 mil pessoas afetadas diretamente, como também em relação a “presença ilegal, criminosa e ameaçadora de um complexo químico de alta periculosidade dentro de nossa cidade ameaçando potencialmente a vida de outras 150 mil pessoas que vivem, trabalham ou estudam no entorno do perímetro da Braskem”.
Ainda no mesmo texto, Elias Fragoso ressalta que, por ser uma das maiores empresas do mercado cloroquímico global a mineradora sente-se à vontade para “cometer suas aberrações em Maceió arrastando o apoio indecente de instituições do executivo, do legislativo e do judiciário que operam contra os interesses de Maceió”. O livro com certeza deveria se tornar leitura obrigatória dos alagoanos e nas escolas para que as novas gerações possam atuar numa luta consciente com o objetivo de impedir que novas tragédias semelhantes aconteçam e também como forma de não esquecer esse tráfico fim de quase 5 bairros e a eterna solidariedade devida às milhares de vítimas afetadas.
Fonte: Assessoria