12 de novembro de 2024 10:22 por Da Redação
O podcast UOL Prime, apresentado pelos jornalistas José Roberto Toledo e Thais Bilenky, expõe os passos nebulosos da futura senadora por Alagoas Eudócia Maria Holanda de Araújo Caldas (PL). Mãe do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), e esposa do ex-deputado João Caldas, Eudócia teve sua trajetória marcada por polêmicas na administração pública.
Toledo e Bilenky detalham questões relacionadas às aposentadorias da iminente senadora. Em 1988, ela iniciou sua carreira na Assembleia Legislativa de Alagoas após aprovação em concurso público, onde permaneceu por 36 anos até se aposentar recentemente.
Durante esse período, enquanto atuava como servidora da Assembleia, Eudócia também prestou concurso para oficial da Polícia Militar de Alagoas (PMAL), foi aprovada e exerceu as funções simultaneamente – uma prática não muito comum na função pública.
Eudócia também se candidatou a prefeita de Ibateguara, município da Zona da Mata de Alagoas, onde foi eleita e reeleita. Ao final de seus dois mandatos, ela passou à reserva da PMAL por exigência legal. Em 2018, foi eleita primeira suplente de senador na chapa de Rodrigo Cunha e, conforme acordado, assumiu o cargo de senadora da República por três meses.
A futura senadora poderá acumular aposentadorias públicas que, somadas, ultrapassam os R$ 30 mil mensais. Pelo cargo de analista legislativa na Assembleia Legislativa de Alagoas, ela receberá cerca de R$ 13 mil. Já a aposentadoria como capitã da Polícia Militar de Alagoas, destinada a quem possui menos de 20 anos de serviço, varia entre R$ 17.305,89 e R$ 19.096,26 para quem tem mais de 20 anos. Veja a tabela clicando aqui
No Senado, a matriarca dos Caldas receberá um salário inicial de R$ 44.008,52, que subirá para R$ 46.366,19 com o reajuste já aprovado para os parlamentares. Somado às aposentadorias de, aproximadamente, R$ 30 mil que receberá como analista legislativa e capitã da Polícia Militar de Alagoas, sua renda mensal poderá ultrapassar R$ 76 mil. Esses valores intensificam o debate sobre acúmulo de remunerações públicas e as possíveis implicações éticas e legais envolvidas.
A explicação não convence
Aprovada no concurso de médicos do estado em Alagoas em 1988, Eudócia Caldas disse para a jornalista Thais Bilenky que “passou os anos seguintes atendendo em estabelecimentos de saúde pelo interior e na capital”. Mas em dezembro de 1994 foi transferida para a Assembleia Legislativa, onde passou a ser vinculada funcionalmente, fazendo no começo do vínculo com o Poder Legislativo “atendimentos médicos na sede da casa. Depois em 95, segundo ela, foi convidada a trabalhar no gabinete de um parlamentar para cuidar de assuntos de saúde onde ficou até 2004”, relata a jornalista no podcast Uol Prime.
Após os mandatos de prefeita de Ibateguara, Eudócia Caldas voltou a ser lotada no gabinete do deputado estadual Francisco Tenório. Segundo a jornalista Thais Bilenky, ao ser questionada sobre qual gabinete ocupava naquele momento, Eudócia respondeu que era “do mesmo deputado”. No entanto, em 2013, Francisco Tenório era deputado federal, não estadual. Quando Bilenky apontou essa inconsistência, Eudócia não respondeu mais.
Essas explicações voltarão a ser cobradas da futura senadora para que não restem dúvidas sobre a possível lotação de Eudócia e de seu esposo, João Caldas, no gabinete do filho, João Henrique Caldas, durante seu mandato como deputado estadual.
Assista ao podcast: