Por Alessandro Di Lorenzo, do Olhar Digital
Uma floresta densa e pantanosa, com insetos zumbindo entre flores, samambaias e coníferas, existiu entre 83 e 92 milhões de anos atrás. O mais impressionante é onde este rico ecossistema se desenvolveu: na Antártica Ocidental.
A conclusão é de cientistas do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha, na Alemanha. Eles descobriram âmbar, uma resina fóssil, contendo evidências de antigas árvores coníferas que cresceram no continente mais ao sul da Terra no passado.
Floresta antiga era dominada por coníferas
O material, encontrado pela primeira vez naquela região, ainda fornece indício de como era a floresta antiga. Segundo os pesquisadores, ela era dominada por coníferas, algo bastante semelhante às florestas existentes hoje na Nova Zelândia e na Patagônia.
A descoberta ainda indica que a Antártida já foi quente e úmida o suficiente para hospedar árvores produtoras de resina. O Cretáceo foi um dos períodos mais quentes da história da Terra, e depósitos vulcânicos encontrados na Antártida e ilhas próximas mostram evidências de incêndios florestais frequentes durante este tempo.
O âmbar provavelmente foi preservado e fossilizado porque os altos níveis de água cobriram rapidamente a resina da árvore, protegendo-a da radiação ultravioleta e da oxidação. As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Antarctic Research.
Muitas perguntas ainda estão sem respostas
- Até agora, os cientistas só haviam encontrado depósitos de âmbar do Cretáceo no sul da Bacia de Otway, na Austrália, e na Formação Tupuangi, na Nova Zelândia.
- De acordo com os pesquisadores, a descoberta indica que, em algum momento de sua história, todos os continentes tiveram condições climáticas que permitiram a sobrevivência de árvores produtoras de resina.
- O objetivo da equipe agora é entender mais sobre o ecossistema do passado.
- Uma das teorias é que a floresta tenha pegado fogo, mas ainda são necessárias novas pesquisas para que seja possível confirmar esta hipótese.
- Eles também querem descobrir o que aconteceu com a floresta à medida que a Antártida se afastava da Austrália e da América do Sul em direção ao polo sul.