O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em férias no Litoral Norte de Alagoas, fez uma rara aparição pública ao lado do ex-ministro Gilson Machado, que foi candidato a prefeito do Recife e é proprietário de uma pousada na região. Durante a visita, Bolsonaro tomou café e posou para fotos com turistas. Porém, na maior parte do tempo, ele tem se mantido isolado, evitando contato com a imprensa e lideranças bolsonaristas locais.
A situação de Bolsonaro e de sua família, assim como da extrema-direita, é cada vez mais defensiva diante das graves revelações da Polícia Federal. Segundo investigações, um plano terrorista foi elaborado dentro do gabinete da Presidência da República, com o objetivo de assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As denúncias, de extrema gravidade, chocaram o país e reforçaram o clima de indignação nacional.
O isolamento da bancada parlamentar da extrema-direita e da direita vinculada ao bolsonarismo no Congresso Nacional e nas demais casas legislativas nos estados e municípios é eloquente. Até os mais histriônicos apoiadores de Jair Bolsonaro permanecem catatônicos diante das contundentes provas reveladas pela PF e da iminente prisão do ex-presidente. O escândalo envolve um séquito de militares e civis, todos na iminência de serem processados e, possivelmente, condenados por uma série de crimes graves.
O horizonte que se desenha para os terroristas envolvidos nessa trama golpista aponta, inevitavelmente, para a condenação e a consequente prisão. As investigações avançam, expondo um esquema meticulosamente planejado e reforçando a responsabilização de todos os envolvidos. A gravidade das acusações e o volume de provas tornam cada vez mais difícil qualquer tentativa de fuga ou minimização dos crimes cometidos.
A temporada de delações está oficialmente aberta, com o coronel Mauro Cid assumindo o protagonismo ao colaborar com as investigações. À medida que o cerco se fecha, é esperado que outros graduados sigam o mesmo caminho, buscando reduzir suas penas ao delatar chefes e comparsas envolvidos na trama golpista. Essa dinâmica de cooperação, comum em casos de grande repercussão, expõe a fragilidade do pacto de lealdade entre os envolvidos, enquanto a perspectiva de prisão acelera as confissões e amplia o impacto das revelações.
As denúncias relacionadas à trama golpista que abalou o Brasil representam um marco decisivo no fortalecimento das instituições do Estado e na defesa da democracia brasileira diante de tais ameaças. O refúgio na pousada de um subordinado, como o ex-ministro Gilson Machado, é o rito de passagem da condição de líder golpista a condenado por crimes como a tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito.
*É historiador e jornalista