quarta-feira 2 de abril de 2025

Estudo mostra associação entre 22 agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer de próstata; entenda

O trabalho também mostra que alguns dos compostos químicos estão ligados a mortes pela doença
Reprodução

Por O Globo

Os pesticidas utilizados no controle de pragas em plantações e lavouras há muito representam um risco para a saúde devido aos componentes químicos presentes em suas composições. No entanto, pesquisadores americanos descobriram que esses compostos podem ser ainda mais nocivos do que se imaginava. Em um estudo publicado na revista científica Cancer, 22 agrotóxicos foram associados a novos casos de câncer de próstata e quatro pesticidas foram ligados a mortes pela doença.

Para encontrar essas evidências, a equipe de cientistas realizou um estudo que acompanhou os participantes em intervalos de dez a 18 anos, para avaliar a relação entre a exposição e a incidência de câncer de próstata.

Dessa forma, eles utilizaram dados de casos registrados nos Estados Unidos e separaram os anos em blocos. O intervalo entre 1997 a 2001 foi avaliado para uso de pesticidas, já de 2011 a 2015 eles analisaram o surgimento de câncer de próstata. Assim como o período de 2002 a 2006 passou pela análise de uso de pesticidas e entre 2016 a 2020 foram verificados os resultados.

A partir da análise, os pesquisadores encontraram 22 pesticidas que mostraram associações diretas e consistentes com a incidência de câncer de próstata nos períodos analisados.

Dentre eles, três já haviam sido previamente associados ao câncer de próstata e inclui o 2,4D, um dos pesticidas mais utilizados pela indústria agrícola no Brasil e no mundo. Ele é classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), um dos braços da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Já os outros 19 agrotóxicos não anteriormente associados ao câncer de próstata incluíam um fumigante de solo, fungicidas, inseticidas e herbicidas. Do último grupo, quatro tiveram ligação com mortes pela doença: os herbicidas cloransulam-metil, diflufenzopir e a trifluralina.

Permitida no país e amplamente comercializada, a trifluralina é classificada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) como um “possível carcinógeno humano”.

Além deles, está o inseticida tiametoxam, também permitido em solo brasileiro. Contudo, neste ano, ele teve sua aplicação restringida devido à morte de abelhas e outros insetos polinizadores.

Já os outros três são considerados “não provavelmente carcinogênicos” ou têm evidências de “não carcinogenicidade”.

“Esta pesquisa demonstra a importância de estudar exposições ambientais, como o uso de pesticidas, para potencialmente explicar algumas das variações geográficas que observamos na incidência e mortes por câncer de próstata nos Estados Unidos”, aponta o autor principal Simon John Christoph Soerensen, da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, em comunicado.

Como agrotóxicos estão ligados ao câncer?

Devido aos agentes químicos presentes em sua composição, os agrotóxicos podem iniciar, alavancar ou acelerar as mutações que dão a origem a um tumor cancerígeno. Além disso, alguns tipos de pesticidas conseguem até mesmo danificar o DNA, o que leva ao surgimento do câncer.

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