sexta-feira 27 de dezembro de 2024

Efeito Lula: com R$ 217 milhões, cinema nacional fecha melhor ano desde a pandemia

Dados da Ancine, acessados pela Fórum, mostram que setor audiovisual alavancou em 2024, além do sucesso de 'Ainda Estou Aqui'

27 de dezembro de 2024 3:37 por Da Redação

Fomento à cultura e ao setor audiovisual foi maior em 2024.
Créditos: cottonbro studio/Pexels

Por Alice Andersen, da Fórum

Esse foi um dos melhores anos para o cinema nacional desde a pandemia da Covid-19. É o que mostram os dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) acessados pela Fórum por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) nesta quinta-feira (26). Seja por filmes muito esperados pelo público, como o sucesso de “Ainda Estou Aqui” e o recém-lançamento do O Auto da Compadecida 2, ou pela recuperação dos investimentos culturais através das leis de incentivo, esse foi um ano muito positivo para o setor cinematográfico brasileiro.

Novas leis de incentivo como a Lei Paulo Gustavo, que este ano disponibilizou mais recursos, com R$ 3,8 bilhões para todos os setores culturais, e 55,3% deles destinados ao audiovisual, assim como renovação das Cotas de Tela para 2025, são alguns dos pontos que explicam o retorno expressivo da receita para o audiovisual.

Com renda de R$ 217,46 milhões, 2024 supera todos os anos quatro anos anteriores de retorno financeiro das produções nacionais desde que o coronavirus chegou em território brasileiro e os últimos anos do governo Bolsonaro, responsável pelo desmonte no setor cultural. Investimentos do Ministério da Cultura a grupos culturais e artistas independentes foram sendo reduzidos na época. Em 2022, por exemplo, o cinema arrecadou R$ 71,3 milhões, já em 2021 conseguiu apenas R$ 15,73 milhões. O número de arrecadação voltou a aumentar no primeiro ano do governo Lula, em 2023.

Cultura e economia: combinação perfeita

Este também foi o ano que contou com a maior presença de público nas salas de cinema: 11, milhões de brasileiros foram assistir a filmes e documentários nacionais. Em 2023, apenas 3 milhões foram aos cinemas assistir longas brasileiros. Em 2022, foram somente 4 milhões e 2021, menos da metade da marca de um milhão: 913 mil telespectadores. Mesmo que não pareça, a cultura é uma das forças que faz girar roda da economia.

O presidente Lula prorrogou nesta terça-feira (24) a Lei do Audiovisual, ajustando os limites para os incentivos fiscais para 12 milhões e 9 milhões, respectivamente. Além disso, anunciou que, em 2025, o setor cinematográfico contará com 300 milhões de reais em renúncia fiscal. A renovação da lei, uma demanda aguardada por longo tempo pela indústria, havia vencimento previsto para 31 de dezembro.

A prorrogação da Lei do Audiovisual, através da Medida Provisória (MP), que possibilita a dedução de Imposto de Renda para empresas investidoras em cinema, é uma das ações que compõem um esforço do governo para corrigir a política cinematográfica, que até agora tem sido uma das mais vulneráveis e alvo de críticas.

Na semana passada, Lula definiu pela primeira vez a cota de tela para 2025, antecipando a medida para o ano seguinte – a cota de 2024, por exemplo, só foi determinada em junho. Ele nomeou um novo diretor para a Ancine, cargo vago desde setembro, escolhido não pela ministra Margareth Menezes, mas por um grupo de colaboradores liderados pelo secretário-executivo Márcio Tavares.

O fenômeno ‘Ainda Estou Aqui’

O filme “Ainda Estou Aqui”, indicado ao Oscar como representante do Brasil para 2025, já atraiu um público superior a 2 milhões de pessoas, gerando uma receita de mais de R$ 59 milhões para o cinema nacional, segundo dados também acessados pela Fórum. A produção de Walter Salles com Fernanda Torres no elenco principal, liderou as bilheterias brasileiras superou grandes produções internacionais como “Gladiador 2”“Venom 3”, de personagem da Marvel, e “Wicked” em novembro.

O Sistema de Controle de Bilheteria (SBC) da Ancine mostra que nas duas primeiras semanas de lançamento, a produção de Walter Salles arrecadou mais do dobro de faturamento em relação às primeiras semanas de novembro de 2023. “Ainda Estou Aqui” foi lançado no dia 7 de novembro em todos os cinemas. Na 45ª e 46ª semana consecutiva o longa-metragem teve a presença de 1.278.662 espectadores, número superior ao longa “Mussum: O Films”, que no mesmo período obteve a presença de 79.424 espectadores.

O longa de Walter Salles foi superando a marca de filmes estrangeiros em público, pois nas duas primeiras semanas de novembro de 2023, eram dois filmes: “As Marvels” e “Jogos Vorazes”, que lideraram as bilheterias, somando juntos 1.401.235 espectadores.

No faturamento, “Ainda Estou Aqui” ultrapassa o longa de 2023 “As Marvels” em sucesso de bilheteria: nas duas primeiras semanas foram acumulados R$ 27,786.303 enquanto, o filme da Marvel arrecadou R$19,151.854 milhões. Este ano, ultrapassou também o filme “Venom 3 : A Ùltima Rodada”, que arrceadou apenas R$ 14.155.538.

Com uma marca, o filme de Walter Salles ultrapassou ‘Central do Brasil’ como a maior bilheteria da carreira do cineasta. Lançado em 1998, ‘Central do Brasil’ havia levado 1,6 milhão de pessoas aos cinemas.

Além disso, ‘Ainda Estou Aqui’ alcançou outro marco histórico: superou ‘Minha irmã e eu’, no pós-pandemia, como o filme nacional mais visto em 2024. O longa de Susana Garcia, com seus 2,3 milhões de espectadores, havia encerrado sua temporada no topo. Em relação aos 435 filmes que vêm sendo veiculados em salas de cinema de diferentes regiões, o filme ocupa agora a posição dos sete longas mais assistidos do país em 2024.

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