sábado 28 de dezembro de 2024

Cargill inicia demissão em massa de mais de 8 mail funcionários e sabe quem é o culpado por isso?

Gigante surpreendeu o mercado ao anunciar a demissão de 8.000 funcionários, representando 5% de sua força de trabalho global
Foto: Divulgação

Por Alisson Ficher, do Click Petróleo e Gás

A gigante do agronegócio Cargill, uma das maiores negociadoras globais de grãos e processadora de carne bovina nos Estados Unidos, anunciou uma decisão que está gerando ondas de choque no setor.

Em meio a margens apertadas e volatilidade nos preços das commodities, a empresa implementou um plano que resultou na demissão de mais de 8.000 funcionários globalmente.

A decisão representa uma redução significativa de 5% no quadro de mais de 160.000 trabalhadores e reflete os desafios impostos por condições adversas em seus mercados principais.

Com uma receita anual de US$ 160 bilhões em 2024, inferior ao recorde de US$ 177 bilhões alcançado no ano anterior, a empresa se vê obrigada a reestruturar para assegurar a sustentabilidade de suas operações.

Desafios e razões por trás das demissões

Os motivos para esta ampla reestruturação são complexos e multifacetados.

Segundo especialistas do setor, a Cargill enfrenta desafios sem precedentes, que incluem fatores climáticos, quedas no preço das commodities e demandas incertas no mercado global:

Custos elevados no setor pecuário: A seca nos Estados Unidos reduziu drasticamente as áreas de pastagem, forçando os pecuaristas a diminuírem seus rebanhos ao menor número em décadas.

Isso aumentou consideravelmente os custos de aquisição de gado para processamento.

Queda nos preços de commodities: Produtos como soja e milho atingiram os níveis mais baixos em quatro anos, reduzindo as margens de lucro.

Este é um problema não apenas para a Cargill, mas também para outras gigantes do setor como Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge, que também enfrentam dificuldades semelhantes.

Demanda incerta por biocombustíveis: A unidade de processamento de oleaginosas da Cargill sofre com a instabilidade do mercado de biocombustíveis, agravada por regulações em transição e falta de clareza sobre o futuro do setor.

Estratégias de reestruturação: o que muda na Cargill?

O presidente da empresa, Brian Sikes, anunciou que as demissões fazem parte de um plano mais amplo para simplificar a estrutura organizacional da Cargill.

Em um memorando enviado aos colaboradores, Sikes explicou os objetivos:

“Estamos focados em simplificar nossa estrutura organizacional, removendo camadas hierárquicas, ampliando o escopo e as responsabilidades dos nossos gerentes e reduzindo a duplicidade de funções.”

Nos Estados Unidos, 475 funcionários do centro de escritórios em Wayzata, Minnesota, já foram notificados.

As demissões neste local terão início em 5 de fevereiro de 2025. Outros setores afetados incluem:

  • Controle de estoque;
  • Marketing;
  • Análise de cadeia de suprimentos;
  • Tecnologia digital.

A empresa assegurou que os funcionários impactados receberão pacotes de indenização e suporte durante a transição.

Segundo analistas, esse movimento também pode abrir espaço para novas contratações em áreas estratégicas, alinhadas ao plano de crescimento da empresa até 2030.

Concorrência também enfrenta dificuldades

A decisão da Cargill ocorre em um momento delicado para o setor. Empresas rivais também estão lidando com pressões significativas:

Tyson Foods: Recentemente, anunciou o fechamento de uma fábrica no Kansas, afetando centenas de funcionários.
Archer-Daniels-Midland (ADM): Enfrenta lucros mais baixos e está implementando cortes de custos em escala global.
Bunge: Em meio à tentativa de aquisição da Viterra, a empresa enfrenta desafios regulatórios que podem atrasar seus planos de expansão.

Perspectivas para o futuro da empresa

A Cargill acredita que as mudanças implementadas agora são essenciais para garantir sua sobrevivência e crescimento a longo prazo.

Durante uma reunião global realizada em 9 de dezembro, a empresa detalhou os próximos passos de sua reestruturação. Essa estratégia está alinhada ao plano de transformação até 2030, que busca:

  • Reforçar a posição da empresa no mercado global;
  • Melhorar a eficiência operacional;
  • Reduzir custos fixos sem comprometer a qualidade dos serviços oferecidos.

No entanto, os impactos sociais e econômicos já começaram a ser sentidos. Subscrições de notícias sobre finanças

Relatos indicam demissões em diversos países, incluindo Estados Unidos e Costa Rica, com preocupações crescentes sobre o impacto dessas mudanças na cadeia de suprimentos global.

Impactos no Brasil: o que esperar?

No Brasil, um dos maiores mercados da Cargill, a empresa ainda não confirmou cortes específicos, mas especialistas sugerem que mudanças podem ocorrer em função da reestruturação global.

O país é um dos principais exportadores de soja e carne bovina, dois segmentos que enfrentam pressões significativas devido à queda nos preços internacionais.

Segundo analistas, o impacto no mercado brasileiro pode incluir aumento nos custos de produção e possíveis reajustes nos preços ao consumidor final.

Entretanto, a Cargill reafirma seu compromisso com o mercado local e sua intenção de manter operações robustas no país.

Momento desafiador na Cargill

A reestruturação da Cargill marca um dos momentos mais desafiadores da história recente da empresa.

A decisão de demitir 8.000 funcionários reflete as dificuldades enfrentadas pelo setor como um todo, mas também aponta para uma tentativa de se adaptar a um mercado em constante transformação.

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