sábado 12 de abril de 2025

Dos livros que li – CARLOS MOURA: todas as madrugadas em que me fiz canção (Luciano José)

2 de janeiro de 2025 2:09 por Da Redação

Só o fato de alguém ter a clareza de que era preciso registrar literariamente a trajetória de um dos mais significativos artistas de Alagoas, já merece nossos aplausos e agradecimentos! Sobretudo, levando-se em consideração nossa latitude árida, tórrida e de uma imensa carência e defasagem, quando o assunto são livros biográficos, que documentem a vida e a obra de alguns dos nossos artistas populares, que tanto fizeram para o fortalecimento da identidade cultural alagoana e traduzem, por meio de suas obras, nossas idiossincrasias poéticas, melódicas, sociais e políticas. Só por isso, as 252 páginas do livro ‘CARLOS MOURA: todas as madrugadas em que me fiz canção’(foto), já seriam dignas e merecedoras de apreciação e respeito.

O escrito foi dividido em tomos, que apresentam desde a vida e o percurso artístico-musical do querido e saudoso Carlos Moura, passando pelas letras de sua discografia e também das canções inéditas, nunca gravadas por ele, até chegar aos depoimentos de pessoas que, em algum momento, tiveram transversalidade na vida profissional ou pessoal do Carlinhos. Ao cabo, temos algumas fotos que fazem um registro iconográfico bastante interessante, sobretudo, de uma época onde a cena musical no aquário era bastante efervescente.

Extensão do Ontem

O fato do autor desse importante livro/documento ‘CARLOS MOURA: todas as madrugadas em que me fiz canção’, o também alagoano, poeta e professor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Luciano José, no capítulo sobre a vida e a trajetória musical de Carlos Moura, não ter fechado o foco unicamente sobre a personagem basilar, preferindo ir um tanto além, ao abrir uma angular sobre a cena musical aquariana e suas personagens, numa janela de tempo que vai dos anos 1970 até a contemporaneidade do século atual, a princípio, pode até confundir um pouco o leitor afeito às biografias absolutamente personalísticas. Entretanto, só assim, pudemos ter uma abreviada noção e recorte das bandas de rock e personagens da nossa recente história musical. Sim, se hoje temos o que temos e somos o que somos, coube a essas personagens, descritas no livro, capinar, abrir trilhas e passarelas para os de agora, que não veem o hoje como uma extensão do ontem e julgam só existir o agora.

Particularmente, como fui contemporâneo de boa parte daquela cena musical descrita no livro, esse retorno a um passado ainda em brasas, vivo em memórias adormecidas, foi uma grata surpresa acessá-lo e descobrir lembranças prazerosas e o riso fácil, nas páginas do tempo e da boa pesquisa do autor. O riso fácil vem, por exemplo, dos nomes sugestivos e criativos das bandas do rock caeté, que Luciano José trouxe à tona em comentários bem peculiares: “A partir de 1986, começaram a surgir shows coletivos em teatros, ginásios, colégios e festivais”. O autor, cita os nomes das bandas: Corrente Sanguínea, Fechadura Emperrada, Aviso Prévio…, e discorre sobre a formação das bandas e a quem elas tentavam mimetizar, no rock internacional. E não para por aí, ele cita, também, a Sangue de Cristo e a Diarreia Cerebral, que antes tinha o nome nada favorável de Vermes Podres. Todas, evidentemente, como revela o livro, sobreviveram por pouco tempo.

Juízo de Valor

Como toda biografia que se prese, o biógrafo não se eximiu em escrever e revelar temas mais obscuros, tristes e determinantes para a trajetória profissional e o ocaso de vida do nosso singularíssimo e querido Carlos Moura. Por fim, e não menos importante, o livro traz alguns depoimentos de pessoas que, de alguma maneira, estiveram presentes em momentos da vida profissional ou pessoal do artista. São opiniões! Portanto, de absoluto cunho pessoal, que têm implícita a responsabilidade para cada ponto de vista. Caberá ao leitor, certamente, perceber e fazer o seu juízo de valor. O óbvio é que ‘CARLOS MOURA: todas as madrugadas em que me fiz canção’ é uma ótima pedida para começarmos 2025, do ponto de vista literário, em sintonia com o lado bom da nossa identidade cultural.

No +, MÚSICABOAEMSUAVIDA!!!

 

 

 

 

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4 Comentários

  • Ouça as musicas de Carlos Moura aqui no link
    https://bairrosdemaceio.net/web-radio-maceio/849

  • Para os que adquiriram o livro e desejarem acompanhar as letras com as gravações originais, basta procurar o link que aparece abaixo do item “Arquivos de áudio”.

  • Para os que adquiriram o livro e desejarem acompanhar as letras com as gravações originais, basta procurar o link que aparece abaixo do item “Arquivos de áudio” na ficha técnica.

  • Será que tem alguma citação aos anos que nossa banda Asas da Imaginação o acompanhou por várias temporadas e várias excursões pelo nordeste? Além do grande comício da Diretas já,onde se juntou no mesmo palco Carlos Moura(Banda Asas da Imaginação) e
    Djavan(Banda Sururu de Capote)

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