domingo 5 de janeiro de 2025

10 lugares para conhecer em Alagoas – Marechal Deodoro (IV)

Da suntuosidade da arquitetura colonial das igrejas à delicadeza dos bordados Singeleza e Filé

4 de janeiro de 2025 8:02 por Geraldo de Majella

Igreja de Santa Maria Madalena. Foto: Reprodução

Marechal Deodoro está localizada na região metropolitana de Maceió, a 25 km da capital. Possui uma população estimada em 52.380 habitantes (IBGE – 2020). É um dos três primeiros núcleos de povoamento do que viria a ser o estado de Alagoas. Seu núcleo inicial surgiu em 1611, com a construção de uma casa assobradada, recebendo o nome de Madalena do Sumaúma.

Ao longo de três séculos, o município teve seu nome alterado várias vezes: de Madalena do Sumaúma para Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul, depois para Alagoa do Sul e, posteriormente, para Alagoas, quando, em 1817, tornou-se capital da Província por força do ato régio de D. João VI, rei de Portugal. Em 1939, o governo de Alagoas renomeou o município para Marechal Deodoro, em homenagem ao proclamador da República.

Em 1633, Marechal Deodoro sofreu com a invasão holandesa: canaviais, casas e a igreja matriz foram incendiados. Nada do que havia sido construído foi poupado pelos invasores. Após a vitória dos colonizadores portugueses na guerra contra os holandeses, o pequeno burgo foi reconstruído. O patrimônio arquitetônico e histórico da cidade é hoje a principal e mais visível herança deixada do período colonial.

Desde 2003, as pesquisadoras Adriana Guimarães e Josemary Ferrare têm se dedicado a mapear, em Alagoas, as cidades onde a Singeleza é produzida. A primeira constatação de seu trabalho foi que não há mais risco de extinção desse saber tradicional. A segunda revelou que a produção da Singeleza ainda é limitada. Esses foram os resultados da pesquisa desenvolvida ao longo de 12 meses, culminando no Registro do Modo de Fazer do Bico Singeleza, em 2009.

Dona Marinita. Foto: Reprodução

O projeto (Re)bordando o Bico Singeleza foi fundamental para a salvaguarda desse ofício, garantindo a transmissão do legado de Dona Marinita: o modo como o tecido era bordado sob uma trama singela. O “saber” de Dona Marinita foi fundamental, pois ela era a única pessoa que ainda trabalhava com o bordado Singeleza, preservando essa tradição.

O percurso tem sido longo, iniciando com o contato estabelecido com a fundação italiana Il Tassello. Adriana Guimarães relata: “Estivemos em Latronico, onde constatamos a similaridade do ponto com a técnica do Puntino ad Ago (como é chamada na Itália). As pesquisas realizadas pela fundação atribuem a origem do Puntino ad Ago ao arcabouço cultural deixado pela Magna Grécia, como resultado do intercâmbio comercial realizado pelos gregos na região”.

A visita também resultou em um convênio de Cooperação Técnica com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), visando reforçar a solicitação de inscrição de ambos os bens culturais – o italiano Puntino ad Ago e a brasileira Singeleza – como Patrimônio Cultural da Humanidade. O pedido foi encaminhado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Singeleza. Foto: Reprodução

A relevância desse trabalho alcançou um nível internacional quando, em abril de 2015, as antropólogas da Universidade de Potenza-Basilicata, Vita Santoro e Antonella Lacovino, estiveram em Maceió para investigar a hipótese de que a transmissão desse saber-fazer ocorreu por meio da imigração durante a Segunda Guerra Mundial.

O Filé é uma das principais marcas do artesanato de Alagoas, sendo tipicamente uma manifestação cultural do complexo estuarino Mundaú-Manguaba. Seus maiores núcleos de produção estão localizados em Maceió – nos bairros do Pontal da Barra e Riacho Doce – e em Marechal Deodoro. O nome “Filé” é uma corruptela do francês filet, que significa rede, numa clara alusão ao ofício da pesca com redes.

Filé alagoano. Foto: Reprodução

A tradição do artesanato é parte essencial da cultura de Alagoas. Houve tempos em que as famílias que trabalhavam com artesanato eram praticamente invisíveis. Contudo, nas últimas décadas, elas conseguiram romper essa barreira e vêm conquistando mercado e prestígio social. O bordado Filé alagoano recebeu o selo de Identificação Geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) em abril de 2016. Já a Singeleza representa o ápice da tradição alagoana na arte de confeccionar bicos, rendas e bordados.

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