Por Geraldo de Majella*
O Pontal da Barra é um bairro com uma população de 2.617 habitantes (IBGE, 2020), localizado na zona sul de Maceió, entre a lagoa Mundaú e o mar. Trata-se de uma estreita faixa de areia com coqueirais que formam uma restinga. Da antiga formação, restou apenas uma pequena área de dunas, que os mais antigos chamavam de “Dunas do Tom Mix”.
Nos últimos anos, a paisagem do bairro foi gradativamente descaracterizada. Sobre as dunas foram construídas casas, a vegetação nativa foi devastada e a areia retirada para ser usada como aterro na construção civil. Hoje, resta apenas uma pequena amostra do que um dia foi a beleza singular da paisagem bucólica do Pontal da Barra.
Os primeiros registros de proprietários indicam que eram moradores do Trapiche da Barra, conforme consta no “Rol dos Confessados” de 1796. Nesse mesmo ano, há registros da existência de 56 pessoas residindo no Pontal da Barra, informação registrada no Dicionário histórico, geográfico, biográfico, cherográfico e industrial da Província de Alagoas, de Pedro Paulino da Fonseca, publicado em 1880.
O professor Thomaz do Bomfim Espíndola relata que, em 1871, a povoação do local era “um agregado de 50 cabanas cobertas de palha e habitadas por pobres pescadores”. Em 1891, o povoado já contava com cerca de cem habitações, conforme registrado no Almanak do Estado de Alagoas. Nesse mesmo ano, foi mencionada a existência da capelinha de São Sebastião, cuja construção foi iniciada em 1876 e concluída em 1880. Seis anos depois, a capelinha já não existia, sendo substituída por outra, erguida com o apoio dos moradores.
O Pontal da Barra é um recanto, habitado por pescadores e rendeiras que produzem o filé alagoano, um tipo de bordado reconhecido como Patrimônio Imaterial de Alagoas. As casas e calçadas do bairro formam as mais belas vitrines da cidade, exibindo a produção desse artesanato, que é a principal fonte de renda das famílias locais.
O filé é confeccionado pelas mãos habilidosas das mulheres, em sua maioria esposas de pescadores. Atualmente, porém, há também mulheres que não são originárias do bairro nem esposas de pescadores; vindas de outros estados, elas se interessaram em comercializar e perpetuar esse valioso artesanato.
A gastronomia e o artesanato inseriram o Pontal da Barra na rota turística de Maceió desde a década de 1970. Trata-se de um bairro com apenas uma rua, duas pequenas praças e muitos restaurantes, além de uma vista privilegiada para a lagoa Mundaú, onde, ao final da tarde, é possível apreciar um belíssimo pôr do sol.
Os frutos do mar e da lagoa são a base da rica variedade de pratos servidos, como agulhinha, sururu, maçunim, aratu, siri, caranguejo, peixada e camarãozada.
O Pontal da Barra é o lugar em Maceió onde se come de joelhos, sem medo de ser feliz e sem a pressão da balança.
*Geraldo de Majella é historiador e jornalista