25 de janeiro de 2025 9:41 por Da Redação

Por Geraldo de Majella
São Paulo, que neste sábado, 25 de janeiro, comemora 471 anos de fundação, não é apenas um monólito de concreto e aço, nem a locomotiva da economia brasileira. É também um território vivo, onde a força do trabalho se entrelaça com a inquietação da alma humana.
Com 12,33 milhões de habitantes, é uma das cidades mais populosas do mundo, mas seu verdadeiro encanto não se mede pela grandeza dos números. Há recantos que transformam a urbe e fazem respirar cultura e história.
Seus bairros e sua gente representam a grandeza da cidade. O que a diferencia não são os bordões criados, como a ‘cidade que não para’, como se só existisse vida no trabalho fabril ou de outra forma. Há outras São Paulo, ainda, hoje quase invisível que resistem nos becos e esquinas, nas calçadas e avenidas. Existem espaços onde o tempo parece desacelerar, permitindo que ideias germinem e vidas se cruzem.
A cidade vem sendo construída com mãos e braços de imigrantes e migrantes. O livreiro Messias Antônio Coelho (1941-2024), fundador do Sebo do Messias, um dos mais tradicionais do centro de São Paulo, morreu aos 83 anos no dia 19 de dezembro de 2024, após 55 anos de atividade ininterrupta, na Praça João Mendes, 140, nos fundos da Catedral da Sé.
Mineiro de Guanhães, Messias se mudou para São Paulo em 1964. Inicialmente, trabalhou como garçom, mas, por intermédio do sogro, passou a vender livros na modalidade porta-a-porta. Após comprar a biblioteca de um cliente, fundou o Sebo do Messias em uma sala na Praça João Mendes, em 1969.
O Sebo do Messias não era apenas uma livraria, mas também um ponto de encontro para intelectuais, escritores, leitores e amantes de livros. O local se tornou um centro de troca de ideias e debates culturais. A conexão com a história da cidade é outro aspecto importante, além de ser ambiente, simples e acolhedor, reflete a cultura paulistana, que é marcada pela diversidade e pela integração de pessoas de diferentes origens. É local onde livros raros, usados e esgotados são preservados e mantidos acessíveis ao público.
Messias foi além do comércio de livros; tornou-se um verdadeiro patrimônio cultural da cidade de São Paulo, desempenhando um papel vital na preservação da literatura, das artes, história, memória, no fomento à leitura e na manutenção de um espaço de troca intelectual e cultural.
Eu, que me considero paulistano por afeto, rendo minhas homenagens à cidade em nome de Messias Antônio Coelho.
Vida longa ao Sebo do Messias!
*É historiador e jornalista