
A oposição de ex-prefeitos de Maceió, como Fernando Collor, Ronaldo Lessa, Kátia Born, Rui Palmeira e Cícero Almeida, à construção de cinco torres de 15 andares no lugar do Hotel Jatiúca, na Lagoa da Anta, em Jatiuca, reflete um posicionamento que vai além da simples crítica a um projeto específico.
Este grupo, com suas diferentes trajetórias políticas, expõe uma preocupação coletiva sobre as consequências ambientais, sociais e urbanísticas que o empreendimento pode trazer para a cidade e seus habitantes. A localização do projeto, próximo a uma das áreas mais icônicas da cidade, intensifica o debate sobre o impacto na paisagem urbana e na qualidade de vida da população.
A crítica também aborda a especulação imobiliária, que está diretamente ligada ao projeto. O Hotel Jatiúca é uma área de grande valor e uma das últimas regiões ainda preservadas no que se refere à ocupação desordenada da cidade. O investimento imobiliário de grande porte na área levanta suspeitas sobre o direcionamento de um desenvolvimento urbano que privilegia apenas interesses privados, em detrimento da qualidade de vida da população.
Este tipo de projeto, voltado para um público de alto padrão, pode aprofundar a desigualdade social, excluindo os cidadãos de menor poder aquisitivo das áreas mais privilegiadas, e promovendo uma cidade ainda mais segregada.
Com isso, a oposição desses ex-prefeitos serve como um alerta para a necessidade de repensar o modelo de crescimento urbano de Maceió, questionando a forma como as decisões políticas e as pressões do mercado imobiliário estão sendo tratadas, especialmente em áreas sensíveis e de grande relevância para o ecossistema e a história da cidade.

Impactos Ambientais e Urbanísticos
A Lagoa da Anta, situada em uma área de grande importância ecológica e cultural para Maceió, é um dos principais patrimônios naturais da cidade. O projeto das torres na região levanta sérias questões sobre a preservação desse espaço.
Os ex-prefeitos, com uma visão crítica e experiente sobre os desafios da cidade, entendem que a construção de empreendimentos de grande porte em áreas como essa pode comprometer o ecossistema local, afetando a biodiversidade, a qualidade da água e a manutenção de áreas verdes. Além disso, as grandes torres de alto padrão podem alterar o microclima da região, diminuindo a ventilação natural e potencialmente gerando ilhas de calor. O impacto estético e paisagístico também não pode ser desconsiderado, já que a Lagoa da Anta é um importante ponto turístico e de lazer para os maceioenses.
Em termos urbanísticos, o aumento da densidade populacional na região pode agravar problemas de infraestrutura, como o trânsito congestionado, a falta de serviços públicos adequados e a sobrecarrega das redes de saneamento. Maceió já enfrenta uma pressão crescente sobre sua infraestrutura e serviços públicos, e a construção de torres de grande porte pode tornar o planejamento urbano ainda mais difícil e desequilibrado.
Especulação imobiliária e exclusão social
Os ex-prefeitos também estão preocupados com os efeitos da especulação imobiliária. A construção de grandes empreendimentos de alto padrão, voltados para a elite, pode elevar o custo de vida e provocar o deslocamento de populações de baixa renda, gerando gentrificação na área.
Maceió é uma cidade com altos índices de desigualdade social, e a especulação imobiliária, sem a devida regulação, tende a aprofundar ainda mais esse abismo. O crescimento descontrolado do mercado imobiliário em áreas como a Lagoa da Anta pode resultar em uma cidade ainda mais segmentada e menos inclusiva, contradizendo o conceito de desenvolvimento sustentável.
Falta de planejamento e visão de longo prazo
A crítica dos ex-prefeitos também é uma chamada de atenção para a falta de um planejamento urbano sustentável. O desenvolvimento da cidade precisa ser planejado a partir de uma visão estratégica que envolva preservação ambiental, equilíbrio social e qualidade de vida para todos os cidadãos. A construção de grandes torres em áreas saturadas deve ser mais do que uma decisão de mercado: deve ser pensada de acordo com o impacto que gerará no futuro da cidade.
É necessário um planejamento que priorize áreas de lazer, preservação de espaços naturais e melhoria na infraestrutura pública, ao invés de simplesmente ceder às pressões do mercado imobiliário. O papel dos ex-prefeitos, com suas experiências e responsabilidades passadas, é alertar para a necessidade de uma gestão pública equilibrada, que considere o futuro da cidade, e não apenas os interesses de um pequeno grupo de investidores.
O silêncio do atual prefeito
O que espanta e gera inquietação é o silêncio do atual prefeito de Maceió diante de uma questão tão importante e potencialmente transformadora para a cidade. A ausência de um posicionamento claro sobre a construção das torres na Lagoa da Anta levanta suspeitas sobre a falta de uma posição firme quanto à preservação ambiental e ao desenvolvimento urbano sustentável.

Como líder da cidade, o prefeito tem a responsabilidade de mediar os interesses entre o mercado imobiliário, a população e o meio ambiente, garantindo que o desenvolvimento urbano aconteça de maneira equilibrada e planejada.
A omissão nesse caso parece indicar uma falta de compromisso com o futuro da cidade e com o bem-estar de seus habitantes. Além disso, ela abre espaço para uma maior especulação imobiliária, que pode comprometer ainda mais as condições de vida para grande parte da população.
A postura do prefeito diante desse projeto pode ser interpretada como uma decisão política que, ao não se manifestar, deixa de lado o papel crucial que tem na defesa do interesse público e na promoção de uma Maceió mais justa e equilibrada para todos.
Conclusão
A oposição de figuras políticas como Fernando Collor, Ronaldo Lessa, Kátia Born, Rui Palmeira e Cícero Almeida à construção das torres de alto padrão na Lagoa da Anta é uma crítica fundamentada, com base em preocupações legítimas sobre os impactos ambientais, os riscos de exclusão social e a falta de planejamento urbano em Maceió.
O posicionamento desses ex-prefeitos evidencia a importância de se pensar a cidade de forma sustentável, priorizando o bem-estar coletivo e o equilíbrio ecológico, e não permitindo que o crescimento urbano aconteça sem uma visão de longo prazo que beneficie a todos, e não apenas uma elite imobiliária.
O silêncio do atual prefeito, no entanto, aumenta a sensação de que os interesses privados estão, mais uma vez, sobrepondo-se aos interesses da maioria da população e ao futuro da cidade.