21 de dezembro de 2020 9:02 por Marcos Berillo
Vivemos num mundo onde a mercadoria é o objeto mais explícito do desejo de crianças e de adultos. A mercadoria tem que ter brilho e magia, senão ninguém a compra. Ela fala mais para os olhos cobiçosos do que para o coração amoroso. É dentro desta dinâmica que se inscreve a figura do Papai Noel. Ele é a elaboração comercial de São Nicolau – Santa Claus – cuja festa se celebra no dia 6 de dezembro. Era bispo, nascido no ano 281 na atual Turquia. Herdou da família importante fortuna. Na época de Natal saia vestido de bispo, todo vermelho, usava um bastão e um saco com os presentes para as crianças. Entregava-os com um bilhetinho dizendo que vinham do Menino Jesus.
Santa Claus deu origem ao atual Papai Noel, criação de um cartunista norte-americano Thomas Nast em 1886, posteriormente divulgado pela Coca-Cola já que nesta época de frio caía muito seu consumo. A imagem do bom velhinho com roupa vermelha e saco nas costas, bonachão, dando bons conselhos às crianças e entregando-lhes presentes é a figura predominante nas ruas e nas lojas em tempo de Natal. Sua pátria de nascimento teria sido a Lapônia na Finlândia, onde há muita neve, elfos, duendes e gnomos e onde as pessoas se movimentam em trenós puxados por renas.
Estamos às vésperas da festa do Natal e essa festa nos oferece a chave para decifrar alguns mistérios insondáveis de nossa atribulada existência. Os seres humano sempre se perguntaram e perguntam: por que a fragilidade de nossa existência? Por que a humilhação e o sofrimento? E Deus silenciava. Eis que no Natal nos vem uma resposta: Ele se fez frágil como nós. Ele se humilhou e sofreu como os humanos. Esta foi a resposta de Deus: não por palavras mas por um gesto de identificação. Não estamos mais sós na nossa imensa solidão. Ele está conosco. Seu nome é Jesus.
A pandemia é o sino que toca e nos diz: “Meus irmãos, minhas irmãs, este mundo é velho, caducou. Ele enveredou no caminho errado, cheio de buracos, obstáculos, desvios…precisamos do mundo novo! Devemos nos despir dos hábitos do comodismo, da indiferença, da ganância, do preconceito, da autossuficiência e devemos aceitar outra vez sermos guiados por Deus e nos descortina também uma resposta derradeira ao sentido do ser humano. Somos um projeto infinito. Só um Infinito pode realizar nossa plena humanidade. Eis que o Infinito se faz humano para que o humano realizasse seu projeto Infinito. O infinito se fez ser humano para que o ser humano se fizesse Infinito.
Gostaria de terminar essa breve reflexão com um pensamento que um dia ouvi de Dom Hélder Câmara:
“Gosto de pensar no Natal como um ato de subversão…um menino pobre, uma mãe solteira, um pai adotivo…quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade, os pastores. É presenteado por gente “de outras religiões (magos, astrólogos). A família tem que fugir e assim viram refugiados políticos. Depois voltam a viver na periferia. O resto a gente celebra na Páscoa…mas com a mesma subversão…sim! A revolução virá dos pobres! Só deles pode vir a salvação!”
Feliz Natal!! Feliz subversão!!!