30 de março de 2021 2:28 por Geraldo de Majella
Isso se deu antes de o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, na reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, anunciar despudoradamente que enquanto a mídia estava voltada para a pandemia de Covid-19, era o momento de “passar a boiada e mudar as regras”.
Há seis anos que o projeto do Plano Diretor de Maceió está paralisado em alguma sala da prefeitura. É inegável que a estratégia dos construtores e de outros agentes econômicos é retardar o quanto for possível para dar tempo de “passar a boiada”. A cidade vem sendo ainda mais vilipendiada por essa gente, quase como uma forma de castigo.
O Litoral Norte é a bola da vez, um exemplo de como a “aliança” perversa entre o poder público e os construtores foi estabelecida. O ponto inicial foi a “reforma administrativa” ou a antirreforma, realizada pelo prefeito Rui Palmeira. O conhecimento consolidado há décadas pelos urbanistas e técnicos da prefeitura foi fragmentado propositalmente para quebrar as resistências e as empresas consolidarem seu domínio.
Mais de cem técnicos se aposentaram nos últimos três anos ‒ os mais experientes ‒, sofriam pressão dos gestores, muitos deles a serviço de construtores ou de políticos aliados do setor. O caso mais recente foi a autorização para que fossem construídas casas populares em área de proteção ambiental em Fernão Velho.
O bucólico bairro de Garça Torta é um caso típico da “invasão programada” pelos construtores para expulsar os moradores mais pobres, e em seguida avançar sobre a classe média, comprando os terrenos para construir espigões.
Os moradores da rua São Pedro estão resistindo, mas é necessário que sejam apoiados pelos maceioenses. A vida interiorana do bairro não pode ser modificada sem antes haver uma discussão séria com os moradores. Asfaltar as ruas não pode ser sinal de progresso, muito menos a resolução de um falso problema apresentado pela prefeitura em associação com os construtores.
Maceió precisa de um Plano Diretor que inclua as pessoas de todas as regiões e classes sociais. A resistência dos moradores é para não deixar “passar a boiada”.