sexta-feira 22 de novembro de 2024

Ramadã: o Islã e Islamofobia

14 de abril de 2021 9:04 por Marcos Berillo

No nono mês do calendário muçulmano, que é lunar, o Ramadã começa hoje, dia 13 de abril e tem a sua duração entre 29 e 30 dias, onde se encerra com uma festa onde se mata um cordeiro(para lembrar Abrãao que foi sacrificar o seu filho Ismael). Durante esse mês deve-se jejuar do nascer ao por do sol, além de do jejum, não se pode ter relações sexuais, não se engole a saliva (dai cospe-se muito) e não se faz uso de tabaco (fumo). Dentro desse mês, o 27º dia é celebrada a “noite do poder”, o do “decreto”: se comemora a noite em que Profeta Maomé recebeu a primeira revelação do Alcorão. Muitos muçulmanos passam esta noite a rezar, acreditando que coisas espirituais podem acontecer, sobretudo os pedidos feitos durante estas horas serão atendidos por Alá (Aquele que está escondido, o transcendente, que está sentado no trono, cria a terra e faz sua revelação ao profeta Maomé).

Foto 1. Fonte: www.google.com.br

Hoje, no mundo temos cerca de 1,8 bilhões de muçulmanos. É comum, nos dias de hoje, ouvir-se falar em árabes e islamismo, ou em muçulmanos, como se essas palavras fossem sinônimos. Na verdade, elas têm significados diferentes, embora estejam diretamente Maomé).

relacionadas entre si. É preciso, portanto, compreender melhor esse relacionamento para desfazer a confusão e entender com mais clareza alguns fatos da atualidade, como os frequentes atentados terroristas cometidos em nome da religião islâmica – apesar de os preceitos do islamismo, como o de várias outras religiões, serem essencialmente pacifistas.

Os árabes são um povo que se desenvolveu na península Arábica, uma vasta região localizada na junção dos continentes africano e asiático. Ao longo da Idade Média, porém, os árabes se expandiram e formaram um grande império. Sua cultura, que tem como principal característica a crença no islamismo, foi então assimilada por diversos outros povos.

Foto 2: fonte: www.google.com

É preciso conhecer um pouco mais o Islamismo para desfazer esse preconceito que chamo no título de Islamofobia. O Islã está fundado em cinco pilares ou cinco práticas que todo muçulmano deve seguir:

1. Sharada (testemunho de fé);
2. Salah (oração: cinco vezes durante o Ramadã);
3. Zakat (caridade: doação de 2,5% do seu lucro para os mais pobres);
4. Jejum do mês do Ramadã;
5. Haijj (peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida, desde que se tenha condições para isso).

Portanto, não se prega a violência ou a guerra. Mesmo o próprio conceito de “Jihadi” não pode ser traduzido literalmente por guerra ou violência. A palavra vem do Alcorão 61:4, “Em verdade, Deus aprecia aqueles que combatem, em fileiras, por Sua causa, como se fossem uma sólida muralha. Ainda, Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem; porém, não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores. (2:190). Daí muitos teólogos do Islamismo defendem que o termo jihadi seja interpretado de uma maneira interna, como esforço de viver a lei de Alá e seguir o Profeta Maomé.

É preciso, como nos diz o editorial do “El País” de 27 de agosto de 2017, logo após os atentados na cidade de Madri:

Evitar uma espiral de intolerância requer que todas as instituições e a sociedade civil comecem a trabalhar imediatamente. Devemos portanto dar as boas-vindas à reação das comunidades islâmicas na Espanha, que não duvidaram em se juntar à condenação dos atentados e rejeitar a instrumentalização que os jihadistas fazem de sua religião.

É claro que o islamismo está submerso em um grande conflito interno e que há forças poderosas que promovem uma versão intolerante e violenta dessa religião. Por essa razão, a luta contra o terrorismo jihadista precisa contar com um envolvimento profundo da comunidade muçulmana. Fiéis e líderes, sociais e espirituais, são cruciais na hora de prevenir e detectar os discursos de ódio e os processos de radicalização. Sem o apoio dessas comunidades, que são as primeiras interessadas no combate a este fenômeno, pouco poderá ser feito.

Gostaria de terminar essa minhas considerações com o título do artigo acima referido: “É preciso parar a Islamofobia.

 

 

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