3 de setembro de 2021 7:31 por Braulio Leite Junior
Por mais que se tenha mudado ao correr dos tempos a denominação dessa ladeira maceioense de acesso ao bairro do Farol, este nome – Ladeira do Brito – jamais deixou de ser popularmente lembrado. Sua atual designação urbana é Avenida Clodoaldo da Fonseca, mas é só como Ladeira do Brito que ela é conhecida, não se sabendo, no entanto, que Brito foi esse perdido no passado e de tal forma apregoado ao declive de maior movimentação de trânsito na paisagem do centro de Maceió.
A foto é de 1913, por isso que distante completamente do cenário de hoje. O cruzamento, obviamente, é o da Rua João Pessoa, antiga Rua do Sol. A casa grande de esquina, ao menos como se apresenta, já não é a mesma. Transformou se, perdendo o seu ar assobradado par dar lugar ao prédio que pertence agora ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, do qual é museu e sede.
Uma seta assinala uma antiga casa onde residiu, segundo anotação feita em seu verso (possivelmente pelo historiador Félix Lima Júnior), o maceioense José Maria da Costa, que se tornou popularíssimo na cidade pelo gosto com que anualmente soltava belíssimos balões nas noites do mês de junho. Era mais conhecido por Zé Maria dos Balões e foi ele, segundo se afirma, quem organizou em 1865 a primeira feira livre de Maceió. A Ladeira do Brito mudou muito ao correr dos anos. Nela se implantaram os trilhos do bonde elétrico que subia lenta e ronronante o declive e que, por muitas vezes, descontrolado e sem freio, desceu para chocar se com a residência de esquina que se vê no plano primeiro do Beco São José. Hoje, os veículos que ascendem por ela já não são os bondes. São os ônibus e meios de transporte de várias espécies que rolam sobre a sua pavimentação, quase sempre marcada por enfeites novos e excêntricos, como os chamados “gelos baianos” e as listras de tinta branca destinadas à orientação do trânsito. Velha tanto quanto a Ladeira dos Martírios, a Ladeira do Brito é um traço definido na topografia da cidade. Sua inclinação para o alto, culmina na Praça Gonçalves Ledo, que se abre como um delta já no elevado do planalto do Jacutinga.
(*) Texto de Bráulio Leite Júnior publicado no livro História de Maceió, Edição Catavento, 2000.