13 de dezembro de 2021 10:49 por Thania Valença
Depois de flagrado por uma guarnição do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) com o carro sem as placas, um condutor foi obrigado a pagar aos policiais para não ter o veículo guinchado. O dinheiro da propina foi depositado numa conta do banco Bradesco, pertencente a um civil, que participava do esquema criminoso.
Em outra situação, um condutor, também flagrado conduzindo veículo em situação irregular, foi orientado a deixar dinheiro num estabelecimento comercial pertencente à família do policial da mesma guarnição, e que, supostamente, comandava a extorsão.
Os motoristas que alegavam não ter dinheiro eram obrigados a fazer depósitos bancários em contas de familiares dos envolvidos.
As informações constam do inquérito instaurado pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) e são provas do envolvimento de três policiais militares no crime. Os três, que não tiveram os nomes revelados, foram presos na manhã desta segunda-feira, 13, na Operação Pix, executada pelo MPE e agentes do próprio BPTran. Além dos militares, foi preso o participante do esquema sem vínculos com a atividade militar.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão e quatro de busca e apreensão em Maceió, e no município de Arapiraca. Segundo o MPE, os presos foram levados para a sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), onde prestarão depoimento, e em seguida ficarão detidos na sede do BPTran.
“Estávamos monitorando esses PMs já há algum tempo e, durante toda a investigação, conseguimos constatar que eles estavam cobrando propina para liberar as multas. Em alguns casos, inclusive, flagramos diálogos dos policiais negociando o valor a ser recebido por meio de pix” – revela um do promotores do Gaeco.
O esquema
Segundo a investigação, conduzida pelo Gaeco, Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial e Polícia Militar de Alagoas (PMAL), lotados no Batalhão de Trânsito, os militares presos estavam usando a função para extorquir motoristas infratores em troca da não aplicação das multas previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Os infratores eram ameaçados ainda com o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do veículo.
“É importante destacarmos que a apuração não está encerrada e que os trabalhos continuarão”, ressaltam os promotores de Justiça, informando ainda que foram recolhidas armas, munições, aparelhos celulares e dinheiro, possivelmente fruto das supostas propinas cobradas.
Com MP/AL