O processo eleitoral ainda está longe, mas a guerra entre políticos alagoanos já começou. Um dos lances do futuro embate foi revelado hoje, na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE/AL), quando a deputada Fátima Canuto (PSC) fez pronunciamento dizendo que foi “desconvidada” a receber o título de cidadã honorária do município de Marechal Deodoro.
Segundo a deputada, depois de ter seu nome aprovado, por maioria de votos dos vereadores deodorense, para receber a honraria, a indicação foi indeferida, ou seja, Fátima Canuto está impedida de receber o título de cidadania. Nascida em Maceió, a parlamentar disse que entendeu o fato como “discriminação e preconceito contra a participação feminina na política”.
“Tenho serviços prestados ao Estado de Alagoas, domicílio e propriedade em Marechal Deodoro, onde gero emprego e renda no município. Atitudes como essa só me incentivam a cada vez mais lutar por dias melhores em benefício de todos os alagoanos”, reagiu a deputada, tentando fazer crer que a rejeição a seu nome, no caso do título de cidadania, está vinculado unicamente à participação feminina na política.
Mas não é por ser mulher, que a deputada sofreu o desconvite. Trata-se mesmo do embate político de seu grupo, contra o grupo do prefeito de Marechal Deodoro, Cláudio Roberto Ayres da Costa, o Cacau (MDB). O filho de Fátima Canuto, Renato Filho (PSC), é prefeito do município do Pilar e, conforme analistas políticos de plantão, planeja ampliar seu reduto avançando em direção à prefeitura de Marechal.
Seu projeto de poder imediato inclui disputar o cargo de governador de Alagoas, reeleger a mãe, deputada estadual, e ampliar seu reduto com vistas à sucessão municipal, em 2024. Nessa eleição, quer elegê-la prefeita do município.
Exercendo o segundo mandato, o prefeito Cacau faz uma gestão desgastada e, avaliam seus opositores, não tem um nome para sucedê-lo. Porém, tem como projeto eleger o irmão, Alexandre Ayres, atual secretário de Estado da Saúde, para deputado estadual, e o sogro, Sérgio Toledo, para deputado federal.
Por isso, não deixou por menos, articulando o desconvite à deputada Fátima Canuto.
A proposta para a concessão do título à deputada foi uma iniciativa do vereador Marcelo Caldas Nunes, o Marcelo Moringa (PTB), que nasceu em Camaçari, na Bahia. Ele se disse surpreso com a negativa, considerando que “a parlamentar é bastante atuante em defesa do município”.