10 de julho de 2020 8:46 por Redação
Entre os dias 6 e 27 de outubro do ano passado, celebrou-se, no Vaticano, o Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, para refletir e deliberar sobre o tema “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. Cerca de 300 personalidades – entre as quais 110 bispos latino-americanos, da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela – participaram do Sínodo .
Etimologicamente, a palavra Sínodo significa “fazer o caminho juntos”. Instituído em 1976, pelo Papa Paulo VI, o Sínodo constitui um momento de reflexão conjunta das Igrejas locais e regionais sobre sua prática pastoral, identificando/analisando os problemas e desafios a fim de, juntas, buscarem novos caminhos para a vivência e atualização do Evangelho.
Os olhos do mundo inteiro se voltaram para o Sínodo Panamazônico, pela importância da Amazônia, região extremamente sensível e significante para o equilíbrio ecológico planetário e, hoje, sumamente ameaçada (queimadas, devastação por grileiros, madeireiros, mineradores e grandes latifundiários).
O Papa Francisco revelou-se inovador e muito corajoso ao enfrentar aqueles que, na Europa e nos Estados Unidos, o acusam de heresia. São os mesmos que vivem como reféns do paradigma europeu, esquecendo-se que o cristianismo atual nasceu do afunilamento de culturas: grega, romana e germânica.
Por que não permitir que, hoje, nossos povos façam o mesmo? A verdade é que, por trás das acusações ao Papa se esconde uma questão de poder. Os que o acusam não aceitam a emergência de outro tipo de Igreja, igrejas mais vitais e mais numerosas, com suas teologias e liturgias. Finalmente, é importante recordar que a maioria dos católicos está nas Américas, com 62% do total, enquanto os europeus correspondem somente a 25% de todos os católicos, no mundo.
Acreditamos que, com o Sínodo Panamazônico, está se gestando um novo modelo de Igreja, com outro rosto, como nos falava a Conferência Episcopal de Puebla (1979): “Feições de indígenas e, com frequência, também de afro-americanos, que, vivendo segregados e em situações desumanas, podem ser considerados como os mais pobres entre os pobres” (Doc de Puebla 34).
O Papa Francisco representa esse tipo novo de Igreja, com outra visão do exercício do poder sagrado, simples, evangélico, sem se deixar dominar por doutrinas e dogmas, mas, sim, pelo encontro vivo com Jesus, seguindo seu exemplo, conforme Ele mesmo falou, ao explicar para que veio: “Vim para vos ensinar a viver o amor incondicional, a solidariedade, a compaixão, a abertura total ao Deus Abbá” (Deus-Paizinho).
*É padre e doutor em ciências da religião
(Este artigo faz parte de uma serie de reflexões a respeito do Papa Francisco e o Sínodo da Amazônia)
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