Por Geraldo de Majella*
O Natal é uma celebração cristã que marca o nascimento de Jesus Cristo, considerado o Salvador na tradição desta religião. Comemorado no dia 25 de dezembro, o Natal é um momento de reflexão sobre valores como amor, paz, solidariedade e esperança. Além de sua importância religiosa, o Natal também é amplamente celebrado em muitas culturas ao redor do mundo com trocas de presentes, ceias, decoração festiva e encontros familiares.
Em muitas tradições, o Natal simboliza o renascimento, o início de uma nova etapa, e a união entre as pessoas, incentivando a prática de boas ações e o cuidado com o próximo. Para além do contexto religioso, o Natal também se tornou uma festa cultural e comercial, com grande destaque em muitas sociedades.
O Natal, para os moradores dos Flexais, da Rua Marquês de Abrantes e das Quebradas em Bebedouro, não tem sido tão festivo assim, pois, estas comunidades vivem ilhadas socialmente. Foram privadas do básico para viver em um bairro periférico de Maceió: acesso à saúde, transporte coletivo, coleta de lixo e o direito ao sossego. Até mesmo os direitos à igreja e ao sepultamento lhes foram negados.
O Natal em Bebedouro era, tradicionalmente, marcado pela missa na Igreja de Santo Antônio, e os festejos na praça do bairro atraíam milhares de pessoas, inclusive de outros bairros de Maceió. As famílias se confraternizavam, cada uma professando sua fé. Contudo, a Braskem destruiu Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Pinheiro e parte do Farol ao minerar sal-gema. E, com isso, destruiu também a vida, os sonhos de idosos, jovens e crianças.
A ceia de Natal das famílias confinadas nas poucas ruas que restaram do bairro será marcada por rezas e orações. É o que lhes resta: pedir a Deus um raio de luz que ilumine os doutores e doutoras dos ministérios públicos e da Justiça Federal. Essas pessoas, humilhadas pelas autoridades nessa data sagrada do calendário cristão, clamam por uma esperança que a prefeitura e as representações do Estado insistem em converter em escuridão.
O sofrimento estampado no rosto de cada morador e moradora não significa a perda da esperança nem da capacidade de se indignar diante das injustiças. A ceia de Natal será, possivelmente, um momento de reflexão e de súplica ao Pai Eterno por força para continuar enfrentando as adversidades.
A mesa das vítimas nunca teve, e não terá, uma farta ceia de Natal com vinhos, champanhe, queijos, nozes, castanhas e peru. Quem desfruta desses produtos sofisticados são aqueles sustentados pelos impostos dos pobres que foram vitimados pela Braskem e tornados invisíveis pelos agentes públicos.
*É historiador e jornalista