13 de janeiro de 2022 2:30 por Da Redação
O apoio que o Bolsonaro mantinha se baseava, sobretudo, nos evangélicos e nos empresários. Nos evangélicos essa vantagem está neutralizada, talvez porque os evangélicos também comem, ou o Lula até mesmo tem alguma vantagem.
O apoio fundamental ao Bolsonaro se reduz ao apoio dos empresários. Esse apoio subiu de 37% de apoio em 27/4/2020 para 49% em 8/7/21. No período em que a deterioração do apoio ao Bolsonaro diminuiu de 33% para 24%.
Isto é, enquanto na sociedade o apoio ao Bolsonaro caia, no empresariado aumentava. O que demonstra não apenas o descompasso, mas sobretudo a distância entre os interesses e a visão do empresariado em relação à sociedade brasileira.
Ao mesmo tempo, o chamado “mercado” se manifesta contra o Lula. Prefere o Bolsonaro ao Lula. Se manifesta contra as medidas que o Lula já anuncia que vai tomar.
Mas quem é esse “mercado”? Quem é o empresariado brasileiro, que não gosta do Lula e que é quem está expresso no “mercado”.
A economia brasileira mudou muito, desde a adesão das elites dominantes ao neoliberalismo, coaram o Collor e com o FHC. O eixo da economia se deslocou das grandes corporações industriais, comerciais e financeiras para o setor financeiro privado. Um setor que não está diretamente associado à produção e à geração de empregos, mas à especulação financeira, onde ganha muito mais do que no investimento produtivo.
Por isso os bancos privados passaram a estar no centro da economia. Quando se fala do mercado e do empresariado, a referência é centralmente a eles.
Por que eles não gostam do Lula? O próprio Lula diz que eles ganharam muito no seu governo, porque a economia cresceu como nunca.
Porém a economia cresceu centralmente baseada no crescimento dos investimentos produtivos, na ampliação do mercado interno de consumo popular, na geração de empregos formais e na diminuição das desigualdades (sociais e regionais).
Não é esse modelo o que interessa ao capital financeiro. Os bancos privados tiveram que conviver com o Lula, embora a contragosto. E, quando puderam, sabotaram abertamente esse modelo.
Mas, principalmente, no governo Lula, a novidade não era o lucro dos capitais privados, mas a melhoria substancial da situação das classes populares. Com a geração de mais de 20 milhões de empregos formais, com o aumento do salário mínimo 70% acima da inflação, com a extensão social e regional enorme do sistema educacional e o fortalecimento do sistema publico de saúde, entre outras expansões dos direitos da massa da população.
Nos governos dos últimos 5 anos, depois da ruptura da democracia, o capital financeiro goza das melhores condições para ele. Não há mais um modelo econômico que promove o investimento produtivo, nem gera empregos formais e distribuição de renda.
*Publicado no DCM