Referência no atendimento a vítimas de acidentes de trabalho, o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, assistiu, no primeiro trimestre deste ano, 168 pacientes acometidos por este problema. No ano passado, 898 usuários feridos no ambiente laboral ou a caminho dele também foram assistidos na maior unidade hospitalar pública de Alagoas, sendo 304 no período de janeiro a março.
O cirurgião-geral do HGE, Amauri Clemente, explicou que a imprudência e o desuso, ou mau uso, dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) são as principais causas dos acidentes de trabalho. Hábitos que causam traumas em diferentes partes do corpo, podendo gerar sequelas e incapacitações para toda vida. Entretanto, também é necessário considerar outras consequências de longas jornadas de trabalho.
“A OMS [Organização Mundial da Saúde] e a OIT [Organização Internacional do Trabalho] já publicaram um estudo que indica que longas jornadas de trabalho levaram a 745 mil mortes por AVC [Acidente Vascular Cerebral] e doença isquêmica do coração somente em 2016. As longas jornadas de trabalho são sabidamente responsáveis por cerca de um terço da carga total estimada para doenças relacionadas ao trabalho”, pontuou o médico.
Ou seja, o quantitativo crescente de pessoas que sofrem um infarto agudo do miocárdio, por exemplo, também é derivado do tempo excessivo de dedicação ao trabalho, por vezes combinados a maus hábitos alimentares, sedentarismo, exposição a agentes nocivos e não regularidade na realização de exames de rotina. Contudo, é preciso considerar as consequências futuras das prioridades que são dadas agora.
“No HGE, nós realizamos um trabalho contínuo de conscientização, oportunizando os servidores a se cuidarem. O SQVT [Serviço de Qualidade de Vida no Trabalho] promove diversas atividades e oferece atendimento gratuito também a quem alega não ter tempo de marcar uma consulta. Temos nutricionista, psicólogos, psiquiatra, dentista, médico do trabalho, enfermeiro e outros profissionais dedicados à saúde do trabalhador”, informou a coordenadora do SQVT do HGE, Karlla Martiniano.
A Engenharia do Trabalho também está incluída nesse esquadrão, realizando visitas nos locais de trabalho, orientando boas práticas, esclarecendo dúvidas e efetuando as notificações necessárias para o alcance de adequações. Noções sobre ergonomia, processos de trabalho, utilização correta de equipamentos, conceitos diversos e até fluxos internos estão nas rodas de conversas promovidas pelo setor.
“O uso de adornos, o não uso dos EPIs, a higienização incorreta das mãos, a falta de atenção durante o trabalho e até o sono ainda são dificuldades que notamos nos profissionais. Contra isso, nos colocamos disponíveis para ouvir, buscar alternativas e até dar encaminhamentos, se necessário, para que o nosso trabalhador possa estar em um local mais seguro, com menor risco de acontecer acidentes”, afirmou Karlla Martiniano.
Por Agência Alagoas