sexta-feira 18 de outubro de 2024

Seis lições do genocídio em Gaza, por Luis Felipe Miguel

Esses meses de matança trazem, além de todo o horror e sofrimento, algumas lições: lança ainda mais evidência sobre uma série de fatos.
Foto: Marius Arnesen – Flickr

Por Luis Felipe Miguel, do Jornal GGN

Os meses se passam e a ofensiva genocida em Gaza prossegue. Israel nem se preocupa mais em disfarçar que não tem nenhum interesse nos reféns do Hamas; seu objetivo é aniquilar os palestinos. Por isso, prossegue a matança de dezenas de milhares de civis, incluindo a maior carnificina de crianças do século.

Esses meses de matança trazem, além de todo o horror e sofrimento, algumas lições. Nada que já não se soubesse, mas o genocídio em curso lança ainda mais evidência sobre uma série de fatos.

1) Israel é um Estado criminoso

2) O sionismo é um projeto colonial e racista

As características do Estado de Israel não são um acaso. Derivam do projeto sionista. Elaborado por uma minoria dentro da comunidade judaica e apoiado por grande parte das elites antissemitas da Europa do final do século XIX e começo do século XX, o sionismo depende do pressuposto de que a Palestina seria um território desabitado – vale dizer, depende da desumanização de seus habitantes.

3) O sistema ONU é inócuo

Impotentes e acovardadas, a Organização das Nações Unidas e as entidades que compõem seu sistema, como a Corte Internacional de Justiça, não são capazes sequer de chamar o genocídio por seu nome próprio, muito menos de liderar a necessária imposição de sanções. Falhou até mesmo nas hora de proteger seus valentes funcionários da UNRWA – a agência destinada aos refugiados palestinos – das calúnias lançadas por Israel.

Direitos humanos? Respeito à vida? Democracia? Justiça? Autodeterminação dos povos?

Tudo balela. O que importa são os interesses econômicos, o cálculo geopolítico e o dinheiro grosso dos financiadores de campanha.

5) As elites árabes são vendidas e covardes

Houve um tempo em que os países árabes manifestavam algum grau de solidariedade com os palestinos. Esse tempo passou. Hoje, as monarquias autoritárias e corruptas do Oriente Médio – e as raras repúblicas não menos corruptas e autoritárias – estão acomodadas na submissão aos Estados Unidos e, com exceção de uns raros pronunciamentos protocolares, deram as costas aos palestinos.

Enquanto a população dos países árabes manifesta sua revolta, sua indignação e sua solidariedade, os governantes fingem que nada está acontecendo.

6) Nossa pressão importa

Somos levados a acreditar que toda resistência é impotente. Sim, é exasperante perceber que o genocídio prossegue, apesar de toda a indignação do mundo. Mas a pressão tem feito empresas interromper seus negócios com Israel. Os estudantes nos Estados Unidos não só têm envergonhado Joe Biden como conseguiram que várias universidades deixem de investir em empresas cúmplices do sionismo.

Aqui mesmo, no Brasil, contratos militares com Israel foram suspensos. Ainda falta cancelá-los de vez, mas é uma prova de que precisamos continuar pressionando, continuar falando do assunto, continuar demonstrando que não aceitamos o massacre de todo um povo.

Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da UnB. Autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil (Expressão Popular).

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