segunda-feira 25 de novembro de 2024

Políticos e empresários tomaram vacina da Pfizer às escondidas, denuncia revista Piauí

Reportagem destaca que eles compraram o imunizante por iniciativa própria e não repassaram ao SUS, como prevê a lei

25 de março de 2021 1:23 por Da Redação

O ex-senador Clesio Andrade sobre a vacina comprada por empresários: “Fui convidado, foi gratuito para mim” | Divulgação

A revista Piauí denunciou, nessa quarta-feira (24), que um grupo de políticos e empresários, e seus familiares, teriam tomado a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, em Belo Horizonte. A maioria deles seria ligada ao setor de transportes de Minas Gerais.

A reportagem destaca que eles compraram o imunizante por iniciativa própria e não repassaram ao SUS (Sistema Único de Saúde), como prevê a lei.

À Piauí, o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), confessou que tomou o imunizante na última terça-feira (23). “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS]seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, disse.

De acordo com a jornalista Thais Bilenky, uma fonte revelou que a vacina era da Pfizer, mas, o laboratório nega que tenha vendido seu imunizante no Brasil, “fora do âmbito do programa nacional de imunização”.

A segunda dose está prevista para ser aplicada nas cerca de cinquenta pessoas daqui a trinta dias e teriam R$ 600 a cada pessoa. Segundo pessoas que se vacinaram na ocasião, os organizadores foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Uma garagem de uma empresa do grupo foi improvisada como posto de vacinação.

O Congresso aprovou há cerca de vinte dias um projeto de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada, mas determina que todas as doses devem ser doadas ao SUS até que os grupos de risco – 77,2 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde – tenham sido plenamente imunizados em todo o país. O Brasil vacinou menos de 15 milhões de pessoas até agora.

Após a publicação da reportagem, o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania), presidente da CPI dos Fura-Filas da Vacina na Assembleia de Minas, afirmou que, nesta quinta-feira (25), vai “ouvir Ministério Público, corregedoria e ouvidoria do governo”. O objetivo é averiguar se a CPI tem competência para investigar o caso.

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