23 de outubro de 2021 8:07 por Braulio Leite Junior
Foi em 4 de janeiro de 1864 que a Lei n 431 propiciou e generoso auxílio-veja-se a época – de um conto de reis para o início das obras que toram marcadas pelo encontro de mês esqueletos nas fundações. De quem seriam aquelas ossadas anônimas? Surgem sempre as versões mais desencontradas.
A mais simples seria a de se tratarem de restos mortais de pessoas sepultadas no templo, costume comum antes da construção do cemitério da Piedade. Outros, porém, diziam que aqueles ossos seriam das vitimas dos embates travados entre os grupos políticos que predominavam no governo provincial do Dr. Bernardo de Souza Franco, paraense que governou as Alagoas em 1844. Lisos e Cabeludos – eram assim apelidados os grupos políticos que se digladiavam.
O fato é que o dinheiro autorizado pela lei de 1864 logo acabou e a igreja permanecia inacabada quando, já em 1870, Frei José Maria Cataniceta, pregando Santa Missão, conclamou o povaréu de Maceió a terminar o templo. Foi aquele reboliço. Naqueles tempos a fé brotava com mais rapidez que nos dias atuais. Viu-se então levas de homens, mulheres e até crianças conduzindo, dos mais distantes pontos da cidade, tijolos, telhas, areia, madeira, enfim, tudo que era material de construção, principalmente à noite, quando o pessoal estava mais desocupado de suas obrigações diárias. O governo acorreu novamente em favor de Nossa Senhora do Livramento, publicando a Lei provincial de 1876, embora com uma dotação mais modesta que a anterior: somente 500 mil réis. F
oi preciso que se passassem quatro anos para o governo autorizar novo auxílio, desta vez mais alentado. De fato, de acordo com o parágrafo 5° do artigo 21 da Lei 855, de 19 de junho de 1880, a construção do templo recebia um impulso de dois contos de réis. E três anos depois mais um, de um conto de réis, concedido pela Lei 918, de 28 de junho de 1883. Quem terminou o templo foi o abnegado cônego Antônio Procópio da Costa, santo homem que toda Maceió venerava e cuja figura por muito tempo permaneceria na memória do povo.
A cumeeira foi colocada no sábado, 17 de fevereiro de 1883, ano em que morreria o famoso pintor francês Manet e outro francês, Delamare-Deboutteville, fazia rodar num cidade o primeiro automóvel acionado por um motor explosão! O fato foi devidamente noticiado no Diário da Manhã de 20 de fevereiro de 1883. Falando do templo, dizia o jornal ser “o mais esplendoroso, depois da Matriz.
Há vinte anos passados, na primeira edição da Revista do Arquivo Público de Alagoas, escrevia Félix Lima Júnior:
“Data de 1905 o início da construção da torre. Na mesma ainda estão dois ou três sinos, sendo um deles fundido, no século passado, em Coruripe, neste Estado, por Nicolau de Oliveira e Silva & Cia.
Na torre está um relógio ofertado pelo Dr. José de Barros Wanderley de Mendonça, nos primeiros anos deste século. Este relógio, parado há tantos anos, era conservado gratuitamente, pelo Sr. Antônio Luís da Costa Ferreira, proprietário da Relojoaria Ferreira, na rua da Boa Vista, em cumprimento de uma promessa.