19 de novembro de 2021 2:31 por Eleonora Duse Leite
Foto: Rogério Maranhão. Acervo: Família Leite
(*) Eleonora Duse Leite é funcionária pública e graduanda em comunicação. @duse Leite
Alagoas Terra da Liberdade
“Quilombo dos Palmares”.
O vinte de novembro, dia marcado nacionalmente como o Dia da Consciência Negra. Dia em que se virtualiza o ideal do passado e o sonho do dia a dia: A Liberdade.
Zumbi, herói, negro alagoano, guerreiro, lutador, um misturador de águas entre história e o irreal. Zumbi imortal, que simboliza seu povo, sua história. Aglutinador de muitos, ponto de efeito a se refletir.
O Dia da Consciência Negra em Alagoas teve sua marca sempre lembrada, mas em 2000 e 2001, esses momentos foram ímpar. Num dos projetos mais ousado que conhecemos, “ Alagoas Terra da Liberdade “ – Quilombo dos Palmares e “ Alagoas Terra da Liberdade” – Restinga do Pontal da Barra. Na época, projetos assim não haviam acontecido. Foi fantástico, quase que irreal. Emocionalmente carregado de preparação, assistência e de profundo senso de responsabilidade. Tratado com seriedade para não ocasionar ponto de discussão ao tema, sabendo-se onde se queria chegar. Foram dois eventos tido na época, como o apogeu do movimento ontem e hoje da comunidade negra em Alagoas.
Labor, pesquisa, contextualização, formação de equipes e assim produzidos. Obreiros, maquiadores, cabeleireiros, atores, bailarinos, pessoal administrativo e o “ faz de tudo’ para a realização. Uma Empresa de pequeno porte como a Urdimento Produção Cultural, teve a chance de provar seu inicial trabalho pesado e valor, sob a gerência de um jovem abnegado, criador, idealizador. Dono de uma sensibilidade a flor da pele, consciente de sua missão e papel, difícil, mas não impossível. Sonhador de pés no chão, romântico de coração forte, idealista por excelência. Assim era Gustavo Guilherme de Pontes Leite, dono único da G.G de Pontes Leite- ME.
E assim os trabalhos continuavam… Iniciativa do Governo do Estado, Governador Ronaldo Lessa, através da Secretaria de Turismo, gerência da Sra. Patrícia mourão numa criação do projeto com a equipe: Ana Maria Soares, Beatriz Brandão, Gustavo Guilherme Leite e Mirna Porto, todos gabaritados, com realização da empresa contratada Urdimento. A partir daí, tantos outros profissionais foram contratados e registrados para dá sangue e suor ao sucesso do evento. Foram dias de luta incansáveis. Reuniões, conversas, e finalmente o denominador comum, o “ Alagoas Terra da Liberdade”.
Realizado em 20 de novembro de 2000, na cidade de União dos Palmares, Serra da Barriga, foi criada uma Vila Cenográfica, onde a maioria da equipe de produção teria que permanecer no solo de zumbi até a finalização.
A cidade de União dos Palmares já não seria mais a mesma a partir daquele momento. O movimento criado fez com que grande parte dos comerciantes da comunidade tivesse seus produtos comercializados trazendo assim ganhos econômicos , além da participação da comunidade local. Era um entra e sai de carros, caminhões, rolos de fios, troncos de madeiras, trabalhadores braçais, pessoas anônimas se oferecendo para ajudar, um verdadeiro campo de união e vontade. Enquanto isso, em Maceió, pessoal administrativo cuidavam das papeladas, contatos, entre tantas outras obrigações.
A localidade onde seria erguida a Vila Cenográfica pertencia ao então ex governador Manoel Gomes de Barros, que cedeu parte de suas terras para a realização do projeto, depois de muita conversa e acordo. Foram momentos decisivos.
E a Vila se põe de pé. Alagoas, o Dia da Consciência Negra seria vivido com encenações do espetáculo “ Tambores dos Palmares “, de dança, música, teatro, capoeira, comidas típicas, candomblés e outras várias manifestações artísticas e populares.
A cidade de União dos Palmares, por todos os caminhos de história que conduz, estava em festividade e certamente continuaria assim por longo tempo, referendando seu herói, o libertador.
A cerimônia de abertura se deu na final da tarde, na “boquinha” da noite, com a presença do Exmo. Governador do Estado, Ronaldo Lessa, a Ilma. Secretária de Turismo, Patrícia Mourão, Representante da Fundação Palmares, autoridades, cantores Djavan e Margaret Menezes, convidados e o povo, razão da nossa história.
