sexta-feira 26 de abril de 2024

O Gogó da Ema

Paramos agora diante do Gogó da Ema. Está de pé, mas está seco e morto. Toda a proteção de cordas, cimento e barreiras foi póstuma.

30 de julho de 2021 12:43 por Braulio Leite Junior

 

Gogó da Ema na década de 1950. Foto de José Assunção, colorizada por Edberto Ticianeli. Fontewww.historiadealagoas.com

O Gogo da Ema tombou precisamente às 14h20m do dia 27 de julho de 1955 Era mais um cartão postal de Maceió -e agora o mais representativo das Alagoas- que ficava definitivamente banido para o passado. Em “seu livro Maceió de Outrora”, o historiador Félix Lima Junior mencionava pelo menos uma testemunha ocular do tombamento, o trabalhador José Dias de Oliveira. O famoso coqueiro da praia de Pajuçara foi caindo aos poucos, como alguém muito cansado que busca finalmente o repouso, e lá ficou estendido, enquanto pessoas que se encontravam nas proximidades acorriam para cortar-lhe as palhas e colher os frutos.

Difícil precisar sua idade. A princípio, ninguém lhe dera atenção, apenas um coqueiro torto que existia no sitio do Chico Zu, na Ponta Verde. Depois alguns curiosos, ao ouvir falar na anomalia vegetal, pulavam a cerca do sitio de Francisco Venâncio Barbosa, o conhecido Chico Zu, no sentido de vê-lo de perto, mesmo arriscando-se a serem mordidos pelo cão que vivia na propriedade ou a levar as chifradas de algum boi irritado.

Gogó da Ema na década de 1950. Foto de José Assunção, colorizada por Edberto Ticianeli. Fonte: www.historiadealagoas.com

Dois dias depois de sua queda, tentaram reerguê-lo com um guindaste. A sua volta à verticalidade, iniciativa do jornalista Carivaldo Brandão, foi saudada com palmas e vivas de emoção. Os agrônomos Jesus Geraldo e Olavo Machado submeteram-no a exames na tentativa de recuperá-lo. Várias autoridades uniram seus esforços para resguardar a continuação da vida da grande atração turística: o então comandante da Polícia Militar, coronel Mário de Carvalho Lima, com a cooperação de capitão Benedito Sampaio e do comandante do Corpo de Bombeiros, tenente Alcides Barros, auxiliados ainda por engenheiros da Comissão de Estrada de Rodagem, da Prefeitura de Maceió e do Departamento de Obras Públicas. Em janeiro de 1956 vieram a Maceió dois jornalistas de renome no Recife, Aníbal Fernandes e Mauro Mota.

Nada mais se podia fazer. O Gogó era como o valoroso Cid, amarrado já morto em sua montaria para a derradeira batalha. Viu-o assim o poeta que é Mauro Mota ao escrever.

“Paramos agora diante do Gogó da Ema. Está de pé, mas está seco e morto. Toda a proteção de cordas, cimento e barreiras foi póstuma. Não ressuscitou o coqueiro, que era um monumento vegetal. Compôs-lhe o mausoléu”.

Outro poeta Jucá Santos, coligiu numa Antologia do Gogó da Ema dezenas de trabalhos, em prosa e verso, bem como informações várias sobre o famoso coqueiro. A foto deste capítulo é de Vicente Novais de Castro e obteve o primeiro prêmio em exposição realizada no Instituto dos Funcionários Públicos de Alagoas, na Praça Dom Pedro II. Nela já podemos observar uma parte do caule corroída pelas mazelas do tempo que tudo acaba.

(*) Texto de Bráulio Leite Júnior publicado no livro História de Maceió, Edição Catavento, 2000.

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