Pesquisa feita pelo professor-doutor Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor da PUC-SP, enviada ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU), da uma dimensão dos horrores da ditadura militar no Brasil (1964-1985), que completa 60 anos nesta segunda-feira (1º).
De acordo com o IHU, são seis décadas de amnésia, injustiça e sofrimentos contra o povo brasileiro perpetrados por torturadores, generais, imprensa da classe e empresários que financiaram aparelhos da repressão. Ainda médicos e legistas nas sessões de tortura e atestados falsos. E, claro, parte do Judiciário cúmplice. Temos o que relembrar para que nunca mais aconteça. Como escreveu o então cardeal Paulo Evaristo Arns: “Brasil, nunca mais”.
Veja os números:
- 500.000 cidadãos investigados pelos órgãos de segurança
- 200.000 detidos por suspeita de subversão
- 50.000 presos entre março e agosto de 1964
- 11.000 acusados em julgamentos viciados de auditorias militares
- 5.000 condenados
- 10.000 torturados no DOI-CODI de São Paulo
- 40 crianças presas e torturadas no DOI-CODI paulistano
- 8.300 vítimas indígenas de dezenas de etnias e nações
- 1.196 vítimas entre os camponeses
- 6.000 mil apelações ao STM que manteve as condenações destes 2.000 casos
- 10.000 brasileiros exilados
- 4.882 mandatos cassados
- 1.148 funcionários públicos aposentados ou demitidos
- 1.312 militares reformados compulsoriamente
- 1.202 sindicatos sob intervenção do Estado e do Judiciário cúmplice e
inconstitucional - 248 estudantes expulsos de universidades pelo famigerado decreto
ditatorial numero 477 - 128 brasileiros e 2 estrangeiros banidos sendo alguns sacerdotes
católicos … - 4 condenados à morte (pena comutada para prisão perpetua)
- 707 processos políticos instaurados pela Justiça militar em diversas
Auditorias - 49 juízes expurgados, três deles do Supremo Tribunal Federal
- 3 vezes em que o Congresso Nacional foi fechado pelos generais ditadores
- 7 Assembleias Legislativas postas em recesso
- Censura prévia a toda a imprensa brasileira
- 434 mortos pela repressão
- 144 desaparecidos
- 126 militares, policiais e civis mortos em ações contra a resistência
à ditadura - 100 empreiteiras e bancos envolvidos em escândalos abafados pelos militares
- Reimplantação do trabalho escravo nas fazendas do Brasil com o
beneplácito dos governos militares. - Sucateamento das Universidades pela imposição do programa MEC-USAID
- Destruição do movimento social brasileiro
- Fim das organizações da sociedade civil como UNE, Centros de Cultura,
Ligas Camponesas, JUC, Agrupamentos e partidos de esquerda. - Corrupção em todos os níveis por grupos militares e cobrança de
propinas para as grandes obras. - Submissão aos interesses norte-americanos pela presença da CIA e de
torturadores treinados na Escola das Américas em todos os órgãos
policiais e militares. - Destruição das Guardas municipais e estaduais e militarização das policias
- Domínio da Lei de Segurança Nacional e propaganda da Ideologia de
Segurança Nacional. - Expansão do poder de empresas beneficiárias do golpe como redes de TV,
jornais pró-ditadura e grupos econômicos que financiaram a tortura
e a repressão. - 21 anos de ditadura e escuridão com a destruição das vias democráticas
e o vilipêndio da Constituição e da Liberdade em nome do Estado
autocrático e destrutivo da nação brasileira. - Construção de obras faraônicos como Transamazônica, Ponte Rio-Niterói,
Itaipu e outras com desvio de vultosas quantias do erário publico
para empresas e corruptos do governo federal e estadual. - Instauração de senadores e prefeitos biônicos.
- Criação de locais de tortura e casas da morte, como por exemplo, a de
Petrópolis-RJ. - Instalação de campos de concentração em território nacional usando de
técnicas nazistas. - Pagamento e manutenção de imensa rede de arapongas e informantes das
forças repressivas para denunciar os que lutavam pela democracia. - apoio de médicos para a realização da tortura e para fazer laudos
falsos das mortes em prisões e locais do Estado brasileiro. - Perseguição e morte de brasileiros fora do Brasil em ligação com as
forças ditatoriais de outros países do Cone Sul. - Acolhida de ditadores de outros países como Alfredo Stroessner do Paraguai.
- Financiamento de grupos paramilitares.
- Apoio a atos terroristas e incêndio de prédios (UNE), bancas de
jornais, redações, igrejas, sindicatos, e apoio às milícias de
latifundiários para extermínio sistemático e impune de índios e
posseiros em toda a Amazônia e Nordeste brasileiro. - Campanha de difamação contra bispos, pastores, líderes políticos em
canais de televisão para indispor a opinião pública e favorecer a
repressão. - Proibição de citar o nome de Dom Helder Câmara em qualquer órgão de
imprensa do Brasil por mais de 20 anos, quer notas positivas quer
negativas. - Bombas explodidas em todo o território nacional e em particular no
episódio do RioCentro a mando de generais e grupos terroristas dentro
das Forças Armadas. - Perseguição aos artistas brasileiros.
- Formação da ARENA, partido de direita manipulado pelos militares e
elite financeira do Brasil. - Repressão e perseguição da UNE e invasão da PUC-SP pelo coronel Erasmo Dias.
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Fontes: relatórios da CNV, dados de Luiz Claudio Cunha e informes do
gabinete do Deputado Adriano Diogo, da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, dados do livro Brasil, Nunca Mais.