sábado 23 de novembro de 2024

Inventário da violência praticada durante a ditadura militar desde 31-03-1964

Temos o que relembrar para que nunca mais aconteça. Como escreveu o então cardeal Paulo Evaristo Arns: "Brasil, nunca mais"
Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Pesquisa feita pelo professor-doutor Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor da PUC-SP, enviada ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU), da uma dimensão dos horrores da ditadura militar no Brasil (1964-1985), que completa 60 anos nesta segunda-feira (1º).

De acordo com o IHU, são seis décadas de amnésia, injustiça e sofrimentos contra o povo brasileiro perpetrados por torturadores, generais, imprensa da classe e empresários que financiaram aparelhos da repressão. Ainda médicos e legistas nas sessões de tortura e atestados falsos. E, claro, parte do Judiciário cúmplice. Temos o que relembrar para que nunca mais aconteça. Como escreveu o então cardeal Paulo Evaristo Arns: “Brasil, nunca mais”.

Veja os números:

  • 500.000 cidadãos investigados pelos órgãos de segurança
  • 200.000 detidos por suspeita de subversão
  • 50.000 presos entre março e agosto de 1964
  • 11.000 acusados em julgamentos viciados de auditorias militares
  • 5.000 condenados
  • 10.000 torturados no DOI-CODI de São Paulo
  • 40 crianças presas e torturadas no DOI-CODI paulistano
  • 8.300 vítimas indígenas de dezenas de etnias e nações
  • 1.196 vítimas entre os camponeses
  • 6.000 mil apelações ao STM que manteve as condenações destes 2.000 casos
  • 10.000 brasileiros exilados
  • 4.882 mandatos cassados
  • 1.148 funcionários públicos aposentados ou demitidos
  • 1.312 militares reformados compulsoriamente
  • 1.202 sindicatos sob intervenção do Estado e do Judiciário cúmplice e
    inconstitucional
  • 248 estudantes expulsos de universidades pelo famigerado decreto
    ditatorial numero 477
  • 128 brasileiros e 2 estrangeiros banidos sendo alguns sacerdotes
    católicos …
  • 4 condenados à morte (pena comutada para prisão perpetua)
  • 707 processos políticos instaurados pela Justiça militar em diversas
    Auditorias
  • 49 juízes expurgados, três deles do Supremo Tribunal Federal
  • 3 vezes em que o Congresso Nacional foi fechado pelos generais ditadores
  • 7 Assembleias Legislativas postas em recesso
  • Censura prévia a toda a imprensa brasileira
  • 434 mortos pela repressão
  • 144 desaparecidos
  • 126 militares, policiais e civis mortos em ações contra a resistência
    à ditadura
  • 100 empreiteiras e bancos envolvidos em escândalos abafados pelos militares
  • Reimplantação do trabalho escravo nas fazendas do Brasil com o
    beneplácito dos governos militares.
  • Sucateamento das Universidades pela imposição do programa MEC-USAID
  • Destruição do movimento social brasileiro
  • Fim das organizações da sociedade civil como UNE, Centros de Cultura,
    Ligas Camponesas, JUC, Agrupamentos e partidos de esquerda.
  • Corrupção em todos os níveis por grupos militares e cobrança de
    propinas para as grandes obras.
  • Submissão aos interesses norte-americanos pela presença da CIA e de
    torturadores treinados na Escola das Américas em todos os órgãos
    policiais e militares.
  • Destruição das Guardas municipais e estaduais e militarização das policias
  • Domínio da Lei de Segurança Nacional e propaganda da Ideologia de
    Segurança Nacional.
  • Expansão do poder de empresas beneficiárias do golpe como redes de TV,
    jornais pró-ditadura e grupos econômicos que financiaram a tortura
    e a repressão.
  • 21 anos de ditadura e escuridão com a destruição das vias democráticas
    e o vilipêndio da Constituição e da Liberdade em nome do Estado
    autocrático e destrutivo da nação brasileira.
  • Construção de obras faraônicos como Transamazônica, Ponte Rio-Niterói,
    Itaipu e outras com desvio de vultosas quantias do erário publico
    para empresas e corruptos do governo federal e estadual.
  • Instauração de senadores e prefeitos biônicos.
  • Criação de locais de tortura e casas da morte, como por exemplo, a de
    Petrópolis-RJ.
  • Instalação de campos de concentração em território nacional usando de
    técnicas nazistas.
  • Pagamento e manutenção de imensa rede de arapongas e informantes das
    forças repressivas para denunciar os que lutavam pela democracia.
  • apoio de médicos para a realização da tortura e para fazer laudos
    falsos das mortes em prisões e locais do Estado brasileiro.
  • Perseguição e morte de brasileiros fora do Brasil em ligação com as
    forças ditatoriais de outros países do Cone Sul.
  • Acolhida de ditadores de outros países como Alfredo Stroessner do Paraguai.
  • Financiamento de grupos paramilitares.
  • Apoio a atos terroristas e incêndio de prédios (UNE), bancas de
    jornais, redações, igrejas, sindicatos, e apoio às milícias de
    latifundiários para extermínio sistemático e impune de índios e
    posseiros em toda a Amazônia e Nordeste brasileiro.
  • Campanha de difamação contra bispos, pastores, líderes políticos em
    canais de televisão para indispor a opinião pública e favorecer a
    repressão.
  • Proibição de citar o nome de Dom Helder Câmara em qualquer órgão de
    imprensa do Brasil por mais de 20 anos, quer notas positivas quer
    negativas.
  • Bombas explodidas em todo o território nacional e em particular no
    episódio do RioCentro a mando de generais e grupos terroristas dentro
    das Forças Armadas.
  • Perseguição aos artistas brasileiros.
  • Formação da ARENA, partido de direita manipulado pelos militares e
    elite financeira do Brasil.
  • Repressão e perseguição da UNE e invasão da PUC-SP pelo coronel Erasmo Dias.

Clique aqui para acessar o inventário completo.

Fontes: relatórios da CNV, dados de Luiz Claudio Cunha e informes do
gabinete do Deputado Adriano Diogo, da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, dados do livro Brasil, Nunca Mais.

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