quinta-feira 21 de novembro de 2024

História do tradicional Doce Mangabeiras

O reconhecimento da qualidade dos produtos levou o Doce Mangabeiras a participar de feiras e eventos

10 de novembro de 2024 11:27 por Da Redação

Fachada da fábrica Doce Mangabeiras na Av. Gustavo Paiva. Década de 1990

 

Pesquisa e texto base de Marcos Farias*

A família Oliveira Farias começou a fabricar doces caseiros no bairro de Mangabeiras em 1952. Haviam deixado para trás o povoado de São Bento, no município de Maragogi, para tentar a vida na capital.

Se estabeleceram em um sítio na antiga Estrada do Norte, no trecho que havia recebido há pouco tempo a denominação de Av. Gustavo Paiva em homenagem a um dos seus ilustres moradores, falecido em 27 de outubro de 1943

Ester de Oliveira, José Lins e Antonio de Farias, primeira geração dos fabricantes do Doce Mangabeiras

O casal Antonio de Farias e Ester de Oliveira, acompanhado pelo filho caçula José Lins, ainda adolescente, tiravam o sustento, quando ainda moradores de São Bento, da pesca e do cultivo do coco. Da cultura do coco levaram para Maceió as receitas dos doces e das broas de goma (sequilhos).

No sítio da Mangabeiras, localizado nas imediações onde atualmente está instalada a Sococo e onde permaneceram por 50 anos, improvisaram na mesma casa onde residiam as rústicas instalações da fábrica,  lembrando o cenário alagoano dos engenhos do açúcar e das casas de farinha.

Os primeiros produtos eram os mais simples de se produzir. As bananolas, balas de banana (conhecidas como “Nêgo Bom“) e as broas de goma ganharam mercado rapidamente, o que permitiu, pouco tempo depois, a diversificação dos doces ali fabricados.

Cozimento dos doces na antiga fábrica da Mangabeiras

Assim surgiram a bananada, abacaxi com banana, jaca com banana, caju com banana, manga com banana, goiabada cascão e doce de batata doce. Em calda, passaram a ser fabricados os doces de mamão, mamão com coco, caju, jaca, banana, além dos pastosos doces de leite. Faziam-se, ainda, suspiros, licor de jenipapo e jenipapo desidratado (seco).

A família, além de produzir as guloseimas, também vendia os produtos. Dona Ester e o filho José Lins percorriam escritórios de empresas e repartições públicas oferecendo seus doces, apresentados nas bem confeccionadas cestas de palhas.

Salão de vendas na fábrica da Av. Gustavo Paiva

Aos poucos, seus produtos começaram também a ser procurados no local de fabrico e residência da família em Mangabeiras. “Os clientes acabaram por ser os responsáveis pela escolha do nome da empresa, pois passou a ser comum ouvir: vamos comprar os doces da Mangabeiras! Não haveria então melhor opção que adotar a sugestão da clientela e batizar o nome da fábrica como Doce Mangabeiras“, testemunha Marcos Farias, neto do casal que iniciou o empreendimento.

Foi Marcos Farias quem deu continuidade à fabricação e ao comércio de doces da família a partir do fim da década de 1980. Nesta nova fase, os produtos ganharam as prateleiras de panificações, lojas de conveniências e supermercados em Alagoas.

O reconhecimento da qualidade dos produtos levou o Doce Mangabeiras a participar de feiras e eventos, como por duas vezes na Fispal Food Service, em São Paulo, considerada a maior feira de Food Service da América Latina.

Marcos Farias e a Doce Mangabeiras na Fispal em São Paulo

A Doce Mangabeiras também se orgulhava de ser uma das primeiras empresas de Maceió a ter seus produtos procurados por turistas ou por quem ia viajar para o exterior e queria levar um presente para amigos e parentes em outros países.

A partir de 2002 a fábrica mudou de endereço. Foi para a Av. Júlio Marques Luz, 1534, antiga Av. Jatiúca, onde permaneceu até 2007, quando encerrou sua produção.

“Foram 55 anos de história, onde as doces receitas da família Oliveira Farias passaram a fazer parte da gastronomia das Alagoas. O processo de fabricação totalmente artesanal, as frutas fresquinhas e selecionadas, os tachos de cobre, o forno à lenha, a ausência de aditivos químicos e conservantes, fizeram com que a tradição do Doce Mangabeiras se consolidasse em terras alagoanas”, comemora Marcos Farias.

(*) Texto publicado originalmente no site História de Alagoas

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