2 de novembro de 2020 2:11 por Da Redação
As taxas de desemprego (14,4%) e de subutilização (30,6%) disparam e atingem 47,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o país, no trimestre de junho a agosto deste ano.
Desde que foi iniciada em 2012, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), não tinha registrado esta maior marca histórica. O levantamento foi divulgado nesta sexta-feira ( 30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O número de desempregados atingiu 13,8 milhões de pessoas, aumento de 8,5% em relação ao trimestre anterior. São cerca de 1,1 milhão de pessoas a mais à procura de emprego frente ao trimestre encerrado em maio.
Já a subutilização, outro recorde na série, atinge 33,3 milhões de pessoas. Em relação ao trimestre anterior, subiu 9,7% (mais 3,0 milhões de pessoas).
O aumento do desemprego “está relacionado ao crescimento do número de pessoas que estavam procurando trabalho” no período pesquisado, segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. Com a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19, menos restrições no comércio, muitas pessoas que tinham parado de procurar emprego voltaram a tentar uma recolocação no mercado de trabalho, completa a pesquisadora.
O número de pessoas ocupadas no país caiu 5% na comparação com o trimestre encerrado em maio, totalizando 81,7 milhões. Com essa retração de 4,3 milhões de pessoas, esse é o menor contingente já registrado na série da pesquisa. Quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, a queda é de 12,8%, o que representa 12 milhões de pessoas a menos no mercado de trabalho.
Beringuy afirma ainda que, no trimestre anterior, havia a perda da ocupação e o aumento da inatividade, ou seja, as pessoas perdiam seus empregos, mas não estavam pressionando o mercado em função das medidas mais restritivas de isolamento social.
“O cenário que temos agora é da queda da ocupação em paralelo com o aumento da desocupação. As pessoas continuam sendo dispensadas, mas essa perda da ocupação está sendo acompanhada por uma maior pressão no mercado”, afirma a pesquisadora.
Com isso, o nível de ocupação foi de 46,8%, também o mais baixo da série histórica, com queda de 2,7 pontos percentuais ante o trimestre anterior (49,5%), quando, pela primeira vez na história da pesquisa, o índice ficou abaixo de 50%. No mesmo período, o número de empregados com carteira assinada caiu 6,5%, chegando a 29,1 milhões de pessoas, o menor contingente da série. É uma retração de dois milhões de pessoas com trabalhos formais.
Informais foram os mais impactados
A pesquisadora destaca que a perda de ocupação tem ocorrido em todas as formas de inserção no mercado de trabalho, mas o trabalhador informal foi o mais impactado nos primeiros meses das medidas de isolamento social.
“A perda de ocupação entre os informais está sendo menor frente ao trimestre encerrado em maio. Já entre os trabalhadores com carteira assinada, essa perda não diminuiu de intensidade. O trabalhador informal tem essa volatilidade: foi o primeiro a ser impactado e é o primeiro a retomar essas atividades, ainda que com uma perda muito grande de ocupação”, explica.
A taxa de informalidade no trimestre encerrado em agosto foi de 38%, o que equivale a 31 milhões de trabalhadores que trabalham por conta própria ou que não têm carteira assinada. Já no trimestre anterior, esse percentual foi 37,6%.
Ocupação aumentou apenas na Agropecuária
Houve crescimento na população ocupada em apenas um dos dez grupamentos de atividade no trimestre encerrado em agosto. O número de pessoas ocupadas em Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura aumentou 2,9% no trimestre, o que representa 228 mil pessoas a mais trabalhando no setor.
No mesmo período, a população ocupada da Indústria caiu 3,9%, perdendo 427 mil trabalhadores, enquanto Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas teve retração de 4,7%, ou menos 754 mil pessoas. Já na Construção, o cenário foi de estabilidade.
Força de trabalho chega a 95,5 milhões
O contingente da força de trabalho, soma das pessoas ocupadas e desocupadas, caiu 3,2% em relação ao trimestre anterior, chegando a 95,5 milhões de pessoas. O número representa uma retração de 3,2 milhões. No mesmo período, houve um aumento de 4,2 milhões de pessoas na população fora da força de trabalho, que agora é estimada em 79,1 milhões.
Já a força de trabalho potencial, que inclui pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que possuíam potencial para se transformar em força de trabalho, aumentou 14,2%, totalizando 13,6 milhões de pessoas.
“A força de trabalho potencial vem crescendo progressivamente porque muitas pessoas que perderam a sua ocupação ao longo desses meses não passaram a pressionar o mercado, mas foram para inatividade. Elas alegavam que não estavam achando trabalho, seja por falta na localidade ou pelos efeitos da pandemia terem inviabilizado essa busca”, explica Beringuy.
Subgrupo da força de trabalho potencial, o número de pessoas desalentadas – aquelas que não procuraram trabalho, mas que gostariam de trabalhar e estavam disponíveis – aumentou 8,1%, totalizando 5,9 milhões, o maior número já registrado na série histórica. São 440 mil pessoas a mais nessa situação. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o aumento foi de 24,2%. À época, havia no Brasil 4,7 milhões de pessoas desalentadas.
Fonte: Página da CUT